A greve dos professores de Santa Catarina, demonstra sinais de cansaço, ou melhor, de stress.
Livrarias, lojas proibidas aos professores. Foto Márcio Rodrigues |
Cansaço se vence com uma noite de sono, mas o stress é doença insidiosa, capaz de matar. Matar a esperança, a justiça, os sonhos e o próprio discurso político.
Mas, não esqueçam, que daqui a mais três anos e meio, os políticos virão e os recursos aparecerão em forma de promessa.
Pobres coitados e corajosos professores que não encontraram respaldo no coração do governo nem da população.
Pobre governo que não encontrou coragem para limpar a vidraça embaçada que esconde a verdade sobre as verbas destinadas à educação e não encontram seu destino.
Se as reivindicações eram justas, por que não se resolveram na justiça e esperaram o veredito dos tribunais, sem precisar de uma greve?
Porque simplesmente a justiça não conhece o aqui e o agora das necessidades dos seres humanos. O processo iria rolar para as calendas e muitos já estariam mortos antes da causa ser resolvida. Ninguém mais confia na justiça. Que pena!
Se a causa era justa (e o próprio governo reconheceu) e boa para todas as partes, professores, governo e os estudantes, por que não vingou?
Não vingou porque a sociedade ficou calada!
Não vingou devido à deformação da EDUCAÇÃO, que ao longo dos últimos anos roubou o tempo e as oportunidades dos estudantes. Gerações tiveram parte de sua vida jogada na lata do lixo e deixaram de compreender seus direitos e deveres, principalmente o de aprender a aprender.
Escola que gerou pais e mães, famílias, professores e um povo aleijados do poder de pensar.
Queridos pais:
Vocês perderam a magna oportunidade de fazer o grande panelaço e unirem-se aos professores para defender o interesse de seus filhos. Para salvar a escola deles. Como vocês se enganam, quando os vêem chegarem em casa com os boletins cheios de altas notas e conceitos.
E diplomas vazios, sem nenhum crédito para a luta pela vida e seu lugar nesta sociedade em explosão.
Saibam que o governo achatou os salários dos professores dos seus filhos e não manteve a proporção entre os cargos e as conquistas de carreira. Desprezou o mérito dos professores que mais se esforçaram por CONHECIMENTO, os que mais se especializaram, os que fizeram o curso superior, os que se pós-graduaram ou partiram para o doutorado.
Se um professor em início de carreira percebe quase a mesmo coisa que um outro de vários anos de magistério, com mestrado ou doutorado, para que se esforçar, se basta dar o mesmo feijão com arroz ao seu filho todos os dias?
E é com isso que seu filho vai se formar: feijão com arroz!
O governo arrasou o ânimo de estudar de qualquer professor!
Prefere que a mediocridade comande as salas de aula e seja repassada aos seus filhos, para azar deles e para que eles votem no primeiro candidato que lhes oferecer dez reais.
Prato predileto dos políticos canibais: povo míope ao molho de voto, servido numa urna, de quatro em quatro anos.
É claro que educação não é só salário, mas quem quer qualidade, tem de pagar! Este texto é dedicado aos pais, aos estudantes, aos professores que lutam por seus direitos, mas repudia os tumultuadores, porventura infiltrados no movimento, unicamente para fazer a política suja do grevismo.
Texto e postagem Márcio José Rodrigues
2 comentários:
Concordo com você, Márcio. O Fundeb é desviado e o nosso governo diz que não tem dinheiro para cumprir a lei do piso. Vergonhoso!
Abraço do Amorim
Professor Márcio,
Gostei do questionamento legítimo, da explicação bem colocada, da advertência alertadora. "Ai de mim se não profetizar" esbraveja o profeta. O calar-se equivele a aceitação e a conivência.
Um abraço do Jota
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