quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

PRESENTE PARA DONA LOLÓ

                                                                               foto e texto por Francisco Carlos Silva

          ELA ME ENLOUQUECE:
- Vocês podem não acreditar, sem problemas, mas é a pura verdade. Olha o que passei nessa terça.
- Boa tarde, minha mãe...
- Oi, Chiquinho, tás bem, meu filho?....Tô morrendo de saudade de ti.
- Eu também, mãe...O que a senhora quer ganhar de Natal?
 - Eu?
-  É...
- Eu quero saltar de paraquedas...é verdade, não tô brincando.
-  O que a senhora quer, mãe?
-  Saltar de paraquedas, sempre tive vontade, com 87 anos faço o que quiser.
-  Mãe, passa o telefone pra Ana Marta...
-  Minha irmã, que coisa é essa, ela está ficando caduca?
-  Não, meu irmão...ela só fala nisso...mais de dois anos.
-  E aí?...
-  Não sei, meu irmão...por mim deixava.
-  Estás doida?....
-  Ela tem 87, meu irmão, tem direito...
-  Alô, mãe...mãe, coloca o celular bem no ouvido...
-  Fala Chiquinho...
- Tudo bem, a senhora vai saltar com um instrutor, vou providenciar, fique tranquila, a senhora tem direito de fazer o que quiser...tudo mesmo.
-  Obrigado, filho...muito obrigado, te amo. Mas tu vai comigo, né?
 -  Eeeuuuuuuuuuuuuuuu?

Francisco Carlos Silva é professor, academico (bacharelando) em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina.

sábado, 6 de dezembro de 2014

A PLATEIA TEM DE ESTAR À ALTURA DO ARTISTA





O famoso regente orquestral brasileiro, cearense Eleazar de Carvalho, estudou música nos Estados Unidos onde se tornou Doutor em Música pela Washington State University.
Nos estados Unidos,  foi Dirigente Musical e regente da Saint Louis Sinphony Orchestra e atuou ao lado de monstros sagrados como Leonard Bernstein, a quem sucedeu após amorte. 
No Brasil regeu a Orquestra Sinfônica Brasileira do Rio de Janeiro, Orquestra Sinfônica de São Paulo e Orquestra Sinfônica de Porto Alegre.
Conta-se que, certa vez, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro estava regendo Orquestra Sinfônica Brasileira num espetáculo clássico de gala, com a presença do então Presidente do Brasil, João Batista Figueiredo. Num dado momento o presidente começou a conversar com um ministro ao seu lado.
O maestro deu uma travada rigorosa na orquestra, largou a batuta e retirou-se do palco, encerrando o espetáculo, deixando Sua Excelência completamente “quadrado” diante da nação.

Quando ele era o maestro regente da OSPA de Porto Alegre, houve um festival internacional de corais em Montenegro, RS. O Coral Santo Antônio de Laguna era um dos pré-selecionados para o evento. No “grand finale”, o momento mágico da noite, todos os corais estavam reunidos em um só para entoarem o Hallelluja de Handel, sob a batuta da lenda viva Eleazar de Carvalho. O silêncio absoluto traduzia a tensão do esperado momento.
A música dominava majestosa, quando um inocente fotógrafo desavisado, pé ante pé, entra silenciosamente no palco em busca de um ângulo magistral e, PIMBA!
O maestro trava de chofre o gigantesco coral de mais de quatrocentas vozes e encerra a execução.
Só que desta vez ele foi condescendente. Esperou que o intruso se retirasse e recomeçou. Daí em diante tudo fluiu sem incidentes até o final, numa apresentação inesquecível, digna do aplauso interminável de uma plateia extasiada.