sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

NOSSA SENHORA DOS NAVEGANTES


MAR EM FÚRIA (por márcio josé rodrigues)

Mar em fúria, o vento rompe as velas.
Bravo o pescador, afeito a outras procelas,
Tão só, na imensidão.
Há muito já se foi o brilho das estrelas.
Quisera , somente, uma vez mais vê-las
Na densa escuridão.

Imagem de Nossa Senhora dos Navegantes
Magalhãs - Laguna , Brasil
Tudo é tão frio, a terra tão distante,
Na boca, o sal e o medo torturante
Já lhe rouba o senso.
A onda espanca o pobre barco errante,
A vaga no costado num bater constante
E o temporal imenso.

O corpo todo do marujo treme,
A mão crispada agarra firme o leme
E ruge o vento norte.
No peito, um peso imenso preme
E dentro d’alma uma saudade geme
Na solidão da morte.

Lembranças passam, voam num instante:
Seu lar, a velha mãe orando suplicante
A outra mãe, Maria.
A imagem encoraja, brada delirante:
- Maria, minha mãe, sou filho e navegante!
Vem me buscar, me guia.






E pronto já responde a imensa potestade
Dos céus fuzila, em meio à tempestade,
Um raio desmedido.
O estrondo abala e treme a cercania
Mas o clarão acende como a luz do dia
O mar enfurecido.

Por um segundo só, vislumbra o bom abrigo.
Aproa o velho barco e o entrega em tal perigo,
À Mãe do Navegante.
Ele que há pouco tinha o mar como jazigo,
Adentra pelas águas do calmo porto amigo
E atraca triunfante.