sexta-feira, 29 de abril de 2011

PUFF QUER VOAR


Puff é da Maria Antônia e mora em Laguna

Meu nome é PUFF
Raça?
Mais ou menos poodle.
Sou companheiro
Brincalhão
Atencioso.
Fui o primeiro a achar
a cesta do coelho
Comi um ovo de chocolate
As crianças não gostaram,
Passei mal do estômago.
Agora detesto coelhos.
Sou fujão
Já apareci no noticiário
Quando me procuraram
Foi uma festa quando voltei.
Quando fico magoado
Faço xixi no tapete
ou no sofá da sala.
É a maior bronca
mas eles esquecem.
Botaram grades mais estreitas
no portão.
Não está fácil pra sair.
Agora preciso saber
como os passarinhos voam.
Isso ia ser uma boa.

Fotos mjr
postado por márcio José Rodrigues

terça-feira, 26 de abril de 2011

RESPOSTA AO DESAFIO

Jamais seremos
o que compramos,
ainda mesmo buscamos
ser sempre o que outra pessoa é...
vivemos como imitadores,
alienados
nunca teremos o "poder"!
o "poder" queremos ter,
pois não importa o que somos,
passamos a vida
Foto Márcio José Rodrigues
tentado ser
diferentes...
igual ao outro.
valendo pelo que podemos.
então transformamos o mundo
em "não ser"
e sim "Poder",
poder comprar,
matar,
viver,
ter poder...
e se alienar
a insana arte sem ver.
Maria de Lourdes Castro - Professora

Texto do comentário da participante
a partir da imagem ao lado, de publicação anterior.
Participe! Escreva seu texto!

segunda-feira, 25 de abril de 2011

MULHERES SEM CABEÇA NÃO VÃO A LUGAR ALGUM

À PORTA DE UMA LOJA EM LAGUNA   - foto mjr






































DESAFIO
Se você tem algo a dizer sobre essa imagem, por favor, envie um texto, conto, crônica, poema, charge e publicaremos em uma postagem especial do blog com identificação de sua autoria. Vamos brincar um pouco. 

sábado, 23 de abril de 2011

UM OVO NA RELVA

UM OVO NA RELVA
por Márcio José Rodrigues

Era uma vez um casal de gralhas azuis, as aves encarregadas de fazer a cada ano, o plantio dos pinhões, que são as sementes dos pinheiros.
No topo de um desses gigantes, um especialmente muito velho, que havia escapado ao machado dos madeireiros, elas sempre faziam seu ninho.
Durante uma grande tempestade, uma violenta rajada de vento derrubou a imponente árvore. O único ovo que havia, milagrosamente, não se quebrou, porque caiu na relva macia. As duas pobres aves esvoaçavam e gritavam em desespero, sem saber o que fazer.
Diante de tanta algazarra, os animais da vizinhança apareceram assustados com a queda daquela árvore tão forte e majestosa, confusos com a situação dos pobres pássaros e diziam palavras e palavras, lamentando o triste acontecimento, mas só isso.Na verdade, sentiam-se impotentes diante da fatalidade. Também não estavam dispostos a se incomodar. Os pássaros que se arranjassem sozinhos. Cada um já tinha os seus próprios problemas.

Apenas um coelhinho permaneceu, comovido com o drama das gralhas. Aquele ovinho tinha uma vida guardada dentro de si. Se ele fosse chocado, um dia seria um filhote de pássaro; mas, jamais nasceria se ficasse ali no chão.
A árvore caída, meio apoiada sobre os restos de outros velhos troncos, mostrava a ramada onde ainda estava o ninho. Enquanto papai e mamãe reorganizavam as coisas, o coelhinho tomou delicadamente o ovo entre suas patinhas e o manteve aquecido entre seus pelos fofos e macios até que o ninho ficasse pronto.

Meses depois, nas belas e ensolaradas manhãs de primavera, coelhinho acordava todos os dias com uma festiva algazarra.Bem perto de sua toca, num ninho quase rente ao chão, um alegre e laborioso casal se revezava, trazendo no bico, insetos para alimentar um filhote que piava esfomeado. Aquele passarinho não teria nascido não fosse a generosidade de um coelhinho tão pequenino, que mal conseguia segurar um ovo entre suas patinhas.

Passaram-se alguns anos.
Certa vez, após um inverno rigoroso, a primavera começava um pouco tímida, mas em muitos lugares já apareciam flores no vale e o riacho cantarolava alegremente, coleando no meio do verde novo.
O dia amanheceu bastante frio e aquele coelhinho, agora um senhor muito velho, pai e avô de respeitáveis ninhadas, observava o cenário que se descortinava até as montanhas resplandecentes de sol e o céu profundo e azul. Seus olhos ainda espertos varriam rapidamente a campina repleta de brotos novos e tenros, quando de repente, avistou a figura de um homem que caminhava em sua direção.
Normalmente, a prudência o aconselharia a fugir para a segurança de sua toca, mas resolveu permanecer, contra todos os seus instintos naturais de defesa.
O homem não parecia ser um caçador.
Chegou mansamente, sentou-se no velho tronco e estendendo a mão, começou a afagar-lhe delicadamente o pelo, sentindo-lhe a maciez. Depois, suspendeu-o, trazendo-o para perto de si.
Os olhos daquele homem tinham um brilho diferente e transmitiam uma paz tão grande, que, mesmo preso em suas mãos, não sentia nenhum medo, nem mesmo quando ele o abrigou debaixo do manto, junto do peito. Naquele calor aconchegante, sentia-lhe o coração batendo calmo, a respiração ritmada embalando-o e relaxando-o cada vez mais.
Gralhas azuis - um bando numeroso- pousaram bem perto, saudando-os com suas ruidosas cantorias. O homem retribui-lhes a saudação com um amável sorriso..

- Sabe, meu coelho... - uma vez, lembra? – você salvou esta espécie de pássaros da extinção, quando cuidou daquele ovinho caído chão. Essas belas gralhas azuis que cantam tão alegremente são todas descendentes daquele filhote. Fiquei muito comovido com seu gesto e muito orgulhoso de você.
E continuou:
Os ovos, meu amiguinho, escondem o segredo da perpetuação da vida. Todos os seres vivos, as plantas, com suas sementes e todos os animais, os maiores e os menores, sempre nascem de um ovo. O ovo é o símbolo da vida.
- As coelhas não botam ovos, nem as raposas, nem os gambás, disse o coelho.
- Mesmo os coelhos, as raposas e os gambás e até mesmo os homens, nascem de ovos. A diferença, é que alguns fazem ninhos debaixo da terra, outros na água, outros em ramos de árvores, outros ainda, têm seus ninhos dentro da barriga de suas mães. Mas, todos nascem de ovos.
- Como você pode saber dessas coisas?
- Sei de todas as coisas por que sou o segredo da vida. Eu sou a vida que nunca se acaba, que dura para sempre.
O coelho, já muito à vontade e bem acomodado sob o manto, enroscava-se confortavelmente e quase explodia de felicidade.
O homem continuou:
- Quero lhe pedir um grande favor! De todos os seres viventes, os que mais estão se afastando da vida, são os homens. Muitos deles matam, destroem as florestas, sujam as águas, envenenam o próprio corpo e o ar que respiram.
- Os homens são maus! – disse o coelho. Quando vêm aqui, não matam somente para comer, como o lobo guará e a raposa, mas matam sem conta e depois abandonam os corpos e os deixam espalhados apodrecendo!
- Nem todos os homens são maus e nenhum deles nasce mau, meu amiguinho! Nenhuma criança é má! Muitos deles são meus amigos e amam a natureza. Quero que me ajude a salvar os homens transviados do caminho, enquanto eles ainda são crianças. Veja! Todos os anos, eles celebram por mim, o renascimento da vida. Então eles se alegram e se abraçam e enchem-se de novo de esperanças. É a festa da Páscoa!
Coelhinho bem que gostaria de ajudar, mas não sabia como, sentindo-se tão pequeno, velho e fraco.
O homem tomou-o entre as mãos e disse, olhando bem nos seus olhinhos:
- Quero que de hoje em diante, os coelhos distribuam ovos a todas as crianças do mundo, ricas ou pobres, lindos ovos, pequenos ou grandes, enfeitados, coloridos, saborosos, para que os meninos e as meninas, mesmo quando crescerem, jamais esqueçam o dia da Páscoa, e assim nunca percam a esperança na vida. Que de geração em geração, os coelhos distribuam ovos e de geração em geração, os homens celebrem a Páscoa, a grande festa da vida que não se acaba nunca.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

21 DE ABRIL DIA DO DENTISTA

Márcio José Rodrigues*


No dia de hoje, um feriado nacional homenageia-se o patrono cívico do país, alferes Joaquim José da Silva Xavier, o "Mártir da Inconfidência", conhecido como o " Tiradentes", por ter exercido  a profissão de dentista itinerante em meados do Séc. XVIII em Minas Gerais.
Daí porque se comemora na mesma data, também, o DIA DO DENTISTA, cuja figura evoluiu com o progresso da ciência e da tecnologia, fazendo com que a odontologia atual assumisse o lugar de uma especialização da medicina, tomando a si, encargos delicadíssimos em ortopedia facial, traumatologia, cirurgia buco-maxilo-facial, entre outras.
Acho a oportunidade mais que justa, para fazer  a devida homenagem a um Cirurgião Dentista,  Dr. Juaci Ungaretti, pioneiro da odontologia contemporânea em Laguna e no sul do estado. Nascido em  1926, aos 85 anos de idade, ainda exerce diariamente com firmeza e atualidade sua profissão, em uma moderna clínica no centro da cidade.

Dr. Juaci, jovial e firme aos 85 anos - foto mjr

Formado em 1958, portanto há 53 anos, jamais interrompeu seu trabalho, mesmo quando eleito prefeito Municipal.

Arguto, capaz de decisões drásticas em casos difíceis, foi o pioneiro da moderna odontologia, do aparelho de alta rotação, do diagnóstico bucal por raios x, da cirurgia buco-maxilo-facial e o introdutor dos implantes dentários na cidade, tão logo eles surgiram no Brasil.

É meu amigo e eu o respeito com muita afeição, também por suas atitudes honestas e corajosas.
Como prefeito municipal de Laguna, foi administrador de assombrosa correção e competência, com o mesmo rigor, dedicação, assepsia e organização com que dirige seu consultório.
               
  "A ODONTOLOGIA EXIGE DE TODOS QUE A  ELA  SE DEDICAM,  A ESTÉTICA DO ARTISTA,  A SENSIBILIDADE DO MÉDICO,  A   ACUIDADE DO CIRURGIÃO E A PACIÊNCIA DO MONGE"
Papa Pio XII  





Acompanhando uma cirurgia de implante dentário, com sua neta Dra. Tatiane- foto mjr

* o autor da postagem é Cirurgião Dentista
 

PÁSCOA

por  Márcio José Rodrigues

Quando uma fogueira
deixa de receber novas achas,
do que era fogo,
sobram apenas cinzas.
quem sabe, um resto tímido de calor.

se o vento sopra remexendo os restos,
vai encontrar algum carvão em brasa
que ainda teima em queimar.

se, sobre ele colocamos
delicadamente  alguns gravetos
poderemos reavivar o antigo lume,
que renasce, aquece e ilumina.


quando esquecemos
nossos mais sagrados projetos
quando também se extinguem
a fé e a esperança
restam apenas as cinzas
da solidão e da tristeza.


mas, tenho uma boa nova.
mesmo que abandonemos nosso fogo de vida,
quando tudo parece cinza,
permanece lá dentro escondido,

Cristo,

o carvão teimoso que aguarda
apenas o retorno dos nossos gravetos
e um sopro da nossa saudade,
posto que às vezes O temos esquecido.

pois que,
o vento da ressurreição
possa soprar sobre teu lar
reacender todas as tuas reservas
de fé, esperança  e vida.


Cristo ressuscitou!
Feliz Páscoa.


terça-feira, 19 de abril de 2011

HOJE É DIA DO ÍNDIO

Indios Carijós sendo levados para São Paulo - Rugendas (imagem Google0

CARIJÓ, O ÍNDIO DA LAGUNA
O IÍNDIO DE EMBIAÇÁ
por Márcio José Rodrigues

O litoral de Santa Catarina e a região da Laguna (Embiaçá) vêm sendo ocupados sistematicamente por povos coletores, caçadores e pescadores há 4.500 anos, isto é, 2500 a.C. , como bem nos transmitem os sambaquis, relatos históricos e crônicas mais recentes.
Esta ocupação, em vista da fartura de alimentos, de pesca e caça, deu-se,ininterruptamente, durante todo esse período, sucedendo-se uns a outros povos ao longo do tempo e, provavelmente, em 1000 a.C., grupos ceramistas e agricultores.
Quando o colonizador europeu chegou às costas de Santa Catarina logo após o descobrimento, encontrou em nosso litoral o grande povo CARIJÓ, da nação Tupy-guarany.
Mais para o interior, um outro povo, da nação Jê, denominado bugre, botocudo, xocrén, xokleng, mais arredio e selvagem esparso por todo o sertão e pela serra, em pequenos grupos.
A nação carijó era composta pelo mais gentil de todos os gentios da costa e talvez por esta razão, se tenha decretado sua dramática destruição.
O nome carijó, do tupy-guarani “Caraí-yóc”, cara pálida, pele clara, nome dado a alguns descendentes ocasionais de acasalamentos de índias com europeus, denominação que se estendeu depois a toda a nação.
Eram hospitaleiros, agradáveis, viviam organizados em aldeias de até sessenta a oitenta casas de pau a pique, desde a Cananéia até o Rio Grande.
Viviam da caça e da pesca, além de pequena agricultura, esta, de responsabilidade das mulheres. Teciam redes e cestos e produziam instrumentos musicais de sopro e percussão.

Como já relatava Pero Vaz de Caminha em sua carta para El-Rey, o índio foi tomado por um verdadeiro fascínio, deslumbramento pelos instrumentos de ferro, machados, facões, cuja eficácia no corte da madeira foi de um valor levado a extremos por eles, e talvez tenha contribuído significativamente para o seu fim.
Em troca de facas e machados e outras bugigangas, qualquer viajante aqui aportado, podia levar uma quantidade imensa de carne, peixes, frutas, peles, penas e raízes de tinturaria.

A presença do branco entre eles foi catastrófica, cruel, dramática.
A relação de força entre o português e o índio, um verdadeiro holocausto.
No século XVII, coincidentemente, a atividade agrícola, principalmente a da cana-de-açúcar, se desenvolvia nas capitanias mais ao norte, São Vicente e Rio de Janeiro.
Sem mão de obra suficiente para o manejo da terra, resolveu o colonizador, aproveitar aquela do silvícola nativo, o que o fez de uma forma tão devastadora, desumana, cruel, que não se pode deixar jamais ser apagada na história, esta página manchada da presença do branco, principalmente o português.

Aldeias inteira eram devastadas, velhos, mulheres e crianças mortos com requintes de crueldade, cadáveres sem conta espalhados ao relento, guerreiros altivos feitos escravos, para nunca mais voltarem à sua querida Embiaçá.
Expedições sucessivas de apresamento, invadiam o território carijó, numa matança sem fim, num escravismo sem fim.
Curiosamente, o próprio carijó com seus caciques corrompidos pelo branco, foi o maior auxiliar do escravista, no apresamento dos índios e chegou ao extremo de caçar seus próprios irmãos, para vendê-los como escravos para as fazendas de São Vicente, em troca das ferramentas por eles oferecidas.
Destaque aqui se faça, para aquele que se revelou um dos maiores flagelos da região, o terrível cacique Tubanharô, que até os limites do Araranguá, foi um caçador implacável de seus companheiros e aliado do explorador vicentista.
Para se ter uma vaga idéia, diz um cronista da época, que apenas o “ANJO”, Caraibebê, cacique feiticeiro, de quem se dizia ter poderes sobrenaturais, num espaço de 20 anos, chegou a vender 120.000 índios.

Em 1653, a costa dos Patos,que corresponde ao terrritório da Laguna, que tinha sido a morada dos gentis carijós, estava despovoada.
Quando Domingos de Brito Peixoto fundou a póvoa de Santo Antônio dos Anjos da Laguna, em 1676, trazia junto a seus familiares, alguns índios domesticados.
Os últimos remanescentes dos carijós encontrados ainda, já não mais podiam reconhecer os seus irmãos que retornavam do cativeiro.
E no dizer do historiador Pe. José Artulino Besen : “ ironia da história, inicia-se o povoamento do litoral catarinense, depois de haver um dia, ter sido despovoado pela violência e pela morte."

domingo, 17 de abril de 2011

CONSTRUÇÃO
















Por Clotilde Zingali*


está na argamassa
no rejunte dos
pisos, dos azulejos
no reboco interminado
no vão
no batente

no pé direito
no andar superior
na caixa do pedreiro
na colher
na desempenadeira

está na pá, na enxada
na picareta
na girica
na lata
na pinga para começar
e terminar o dia



no que se vê pela janela
no que se sente ao andar pela construção
está lá o sonho do arquiteto


*especialista em comunicações, arquiteta, cronista, escritora, poeta. Tem várias obras publicadas.

sábado, 16 de abril de 2011

O PEDREIRO E O ESCRITOR

Foto Maria de Fátima Barreto Michels




Foto Márcio Rpdrigues
   Maria de Fatima Barreto Michels*



Muito atento ao seu trabalho, ele estava sempre lá. Fazendo o piso, assentando tijolos, colocando tubulações, reboco e revestimento cerâmico. Sem elevador, subíamos seis andares diariamente, acompanhando e fotografando a obra. Achei interessante a superfície daquele banco. Sobre aquele tosco banco o Manoel recortava com a serra mármore, ou maquita como ele dizia, os pisos e azulejos nos tamanhos necessários.

A tábua que formava a parte do assento do banco estava a cada dia com mais sulcos, linhas retas que se cruzavam. Ali também ficavam pequenas porções de massa que respingavam quando o pedreiro subia para fazer o emboço na parte mais alta da parede da churrasqueira. Comecei a clicar semanalmente o banco e o fazia em horários diversos para obter tons que variassem. Com alternadas posições do sol no bairro Mar Grosso, eu ficava observando a história que, numa linguagem diferente, ia sendo escrita na madeira daquele banco.

Em outro continente, na cidade de Genebra, uma escritora também criava, digitando no computador, as suas linhas.

Antes de eu começar a observar a construção, outros homens já haviam trabalhado muito por ali, finalmente vieram o pintor, o carpinteiro, e o eletricista e todos eles continuaram a utilizar o banco.

Muitas pessoas trabalhavam e cada qual ia deixando seu autógrafo, naquele prédio. Lá da Suíça a Jacqueline convidava poetas e contistas, através da internet, para que juntos erguessem uma obra em forma de palavras. Um dia a escritora contratou a publicação dos textos de 38 brasileiros, dos quais entre ela uma dezena de lagunenses.

Eu e Isabella, estudante de design industrial, sugerimos fotos diversas para a capa do livro, mas para nossa surpresa, entre flores, céu e mar a editora escolheu justamente uma parte daquele assento de banco que reunia muitas marcas. Tais riscos, na imagem fotográfica, convergem para uma rachadura que há na tábua. A fresta forma uma linha que liga horizontalmente ou, pode-se dizer, na qual estão dependurados muitos dos sinais de uma especial semiótica da construção civil.

O livro se chama Varal Antológico, porque ele nasceu da revista virtual Varal do Brasil e trata-se de uma coletânea onde estão reunidos muitos autores. Fundamentada “numa relação de semelhança subentendida entre o sentido próprio e o figurado” poderíamos dizer que a fotografia, na capa do livro, conseguiu estender um metafórico varal. Um fio que começa com a escritora lá na Europa e vem até o pedreiro aqui no Brasil. Impossível aqui não me lembrar do filósofo e educador Paulo Freire: “Não há saber mais ou saber menos: Há saberes diferentes.”

Diferentes meios e formas de expressão: na obra civil as ferramentas, na literatura as palavras. A foto da capa é o comprovante dos inúmeros operários que naquele banco nos ajudaram a estender o VARAL ANTOLÓGICO.

Quem não gosta de poesia? Quem não precisa de um varal?


* Professora, Poeta, Escritora - Presidente do Grupo Carrossel das Letras  - Laguna SC

sexta-feira, 15 de abril de 2011

CANTIGAS DE VENTO

imagem Google


 por Márcio José Rodrigues

O vento canta nas telhas
E elas põem-se a dançar.
E são cantigas tão velhas,
Que o vento sabe cantar                           

No anoitecer sonolento
A gente segue seu fado:
Sonhar ao sabor do vento,
A assoviar no beirado.

Assombrações são varridas
Dos pesadelos medonhos.
Nas casas adormecidas,
O vento brinca nos sonhos.


Tamborilar nos telhados,
Marcar cadências, e às vezes,
Parecem sons compassados
De tamancos portugueses


São raparigas morenas
Bailando. Sorrisos francos,
Risos brancos de açucenas
E a marcação dos tamancos.

Vistosas fitas em trança
Num mastro entrelaçando,
Saias rodadas na dança
Das raparigas girando.

Mas a manhã vem surgindo
E o vento vai embora
E as raparigas sumindo,
Como fantasmas, na aurora.


Os sons também vão fugindo,
Vão-se as fitas coloridas,
Como fumaça fluindo
Nas telhas já adormecidas.



Em minha cidade portuguesa no Atlântico Sul, o vento é um companheiro constante dos pescadores, navegantes, poetas e meninos que gostam de soltar pandorgas. Ás vezes amedronta, assoviando nos beirados, sacudindo janelas e portas, rolando bacias no quintal e à noite mexe com os telhados, fazendo com que as telhas batam umas nas outras como se estivessem a dançar. Gosto de dormir assim, ouvindo sua cantilena e sonhar como um personagem da história da minha cidade.


PROGRAMA CULTURAL IMPERDÍVEL II

O SETOR DE CULTURA DO SESC PROMOVE DOMINGO À NOITE UM ESPETÁCULO MUSICAL IMPERDÍVEL, INICIANDO A 2ª ETAPA DO CIRCUITO  SESC DE MÚSICA NO IPHAN.


ANA PAULA DA SILVA E CHICO SARAIVA

ALÉM DE COMPOSIÇÕES PRÓPRIAS,
TOADAS DO FLOCLORE BRASILEIRO
ASSENTAMENTO (CHICO BUARQUE DE HOLANDA/GUIMARÃES ROSA)
SUSSUARANA (HEKEL TAVARES/LUIZ PEIXOTO)
MORRO VELHO (MILTON NASCIMENTO)

NA CENOGRAFIA, FOTOS E VÍDEOS DE ARTESANATO E FOLCLORE DO BRASIL




`
DOMINGO 17 DE ABRIL ÀS 20,00H
LOCAL: CASA DO PATRIMÔNIO IPHAN
INGRESSOS  LIMITADOS PARA 60 LUGARES
R$ 0,50  COMERCIÁRIOS        R$1,00 COMUNIDADE
ADQUIRIR NO SESC LAGUNA
CONTATOS PELO TELEFONE 3644-0152

Fonte: HELEINE MARIA DA SILVA
SETOR DE CULTURA DO SESC

Ana Paula da Silva e Chico Saraiva_Pássaro-flor (C.Saraiva/Chico César)_...

quinta-feira, 14 de abril de 2011

PROGRAMA CULTURAL IMPERDÍVEL




ORQUESTRA FILARMONIA SANTA CATARINA

APRESENTA-SE EM LAGUNA

Domingo - 17 de abril à 20,30 h
 Centro Cultural de Santo Antônio dos Anjos.

No programa
AS QUATRO ESTAÇÕES op.8 - ANTONIO VIVALDI
AS QUATRO ESTAÇÕES PORTENHAS- ÁSTOR PIAZZOLLA


REGÊNCIA MAESTRO GUSTAVO LANGE FORTES 

A ENTRADA É FRANCA

postado por Márcio José Rodrigues
fonte: Sites
Prefeitura Municipal de Laguna
Orquestra Filarmonia Santa Catarina

quarta-feira, 13 de abril de 2011

HOJE É O DIA DO HINO NACIONAL DO BRASIL


postado por Márcio José Rodrigues

Francisco Manuel da Silva

Joaquim Osório Duque Estrada




A DATA DE 13 DE ABRIL, é comemorada como DIA DO HINO NACIONAL DO BRASIL. Porque 13 de abril? Na verdade o Hino esteve sem uma data oficial, até que apartida de D. Pedro I, após sua abdicação ao trono Brasil em 07 de abril de 1831, criou um suporte para tal. Foi no dia 13, entretanto, o dia da partida para Portugal. Serviu naturalmente, como uma homenagem em reconhecimento à independência, talvez. Composta a melodia em 1822 (ou 1831) por Francisco Manuel da Silva, com o título de "Marcha Triunphal" e depois popularizado como  "7 de Abril", Só teve a letra hoje conhecida, composta por Joaquim Osório Duque Estrada, consolidada pelo compositor em 1909. Várias letras passaram pelo Hino, até então, mas nenhuma aprovada pela opinião pública. Esta que conhecemos, quer pela pelo belíssimo poema, quer pelo  enaltecimento da grandeza nacional, calou no coração do povo e ainda é capaz de arrancar lágrimas em momentos de grande emoção.
 A oficialização do Hino Nacional Brasileiro só se concretizou em 1971.







terça-feira, 12 de abril de 2011

A TERRA É AZUL

Na data de hoje, 12 de abril, em 1961,  há meio século atrás exatamente, o cosmonauta russo IURI ALEKSEIEVTCH GAGARIN, a bordo da nave VOSTOK I  foi lançado da base espacial de Baikonur no Kazaquistão, para ser a primeira criatura humana em órbita do Planeta Terra. Aos 27 anos de idade, estatura baixa, o piloto de caça Mig 15, após os seus 108 minutos de uma volta em torno do planeta, tornou-se ante uma humanidade boquiaberta, o maior herói de seu tempo, acirrando definitivamente a corrida espacial.

É possível que os jovens de menos de cinquenta anos não consigam avaliar o estado em que ficaram as pessoas em todo o mundo. Tudo transcendia a mistério, transgressão das leis universais, coragem, heroismo e o rompimento definitivo de um modo de vida de toda a sociedade terráquea.

 De lá para cá, gostaria de deixar com vocês, uma pergunta cruciante:
 Em que mudou verdadeiramente a vida dos seres humanos após o desencadeamento da tempestade tecnológica que explodiu a partir desse feito magnífico?  
 Velocidade, viagens a jato, computadores, telefonia celular, microondas, dvd, pendrive, chip, cartões magnéticos, tv em cores, imagens holográficas, robótica, internet, redes sociais, além de uma nova revolução cultural que traz a marca de ser extremamente desordenada e caótica?

Sabem qual foi a maior descoberta da viagem de Gagarin? Pasmem!
Ele lá de cima descobriu extasiado e exclamou para toda a humanidade:
- A TERRA É AZUL!

Hoje é tão fácil ver no Google Earth ou nas imagens de satélite, que a terra é azul, mas naquela época, imaginem, ninguém sabia.
Talvez se fosse neste 12 de abril de hoje, 1911,  ele exclamasse:
- ATERRA É VERMELHA! 
 Está coberta de sangue de crianças e pessoas inocentes nas ruas do Brasil, nas guerrilhas, nos holocaustos, no terrorismo, na morte pela fome, na ganância dos banqueiros, na irresponsabilidade dos políticos, na guerra do crack, na intolerância religiosa, no desprezo aos pobres e à educação.

São tempos de paradoxo.
Solidão no mundo das comunicações.
Será que ainda temos esperança, antes de darmos o grande salto para o desastre final?

Sinceramente, penso que enquanto existirem poetas, sonhadores, políticos inspirados, mães que rezam, pais que acompanham os filhos, religiosos lúcidos que preguem o amor e a paz, educação atuante e séria, ainda temos esperança.






domingo, 10 de abril de 2011

OS PASSOS DO BOM JESUS

postagem e fotos por Márcio José Rodrigues

Em Laguna, neste 9 de abril, uma multidão de fiéis acompanhou a transladação noturna da imagem do SENHOR BOM JESUS DOS PASSOS, desde a capela do hospital até a Igreja Matriz de Santo Antônio dos Anjos.
Devido à concorrência de grande número de devotos, a recepção da venerada imagem foi transferida para o grande salão do Centro Cultural onde foi celebrada a Santa Missa.
Sendo uma cerimônia que se repete  na cidade há mais de dois séculos, nada como a velha Laguna para se prestar como palco ao ar livren na representação deste teatro religioso, que reconstitui os passos de Jesus rumo ao Gólgota.
A imagem que está em sua capela desde 1850, é de uma beleza dramática fascinante que só o barroco consegue retratar, como se o escultor estivesse presente no caminho do Calvário e fosse testemunha de toda a cena.
É uma procissão imponente, emocional e mística, onde o povo permanece em tocante silêncio durante todo o percurso. Não se ouvem vozes nem cantos, apenas a música triste e solene das duas corporações musicais "União dos Artistas" e "Carlos Gomes", a primeira, fundada em 1860 e segunda, um pouco depois, em 1882. 
Tudo é muito antigo, muito belo, emocionante.


sábado, 9 de abril de 2011

O LÁBARO QUE OSTENTAS ESTRELADO

  ESTRELAS 
  por Márcio José Rodrigues 

Estrelas são meninos
A brincar nas alamedas do céu.
Estrelas- meninos
Imaculadas
Limpas
Puras 
Luminosas
Intocáveis
Inalcançáveis.


Quem te deu tanto poder,
Que podes tocar nossos meninos
Com tuas mãos sujas?
Tu que aprovas as leis
Para teu uso pessoal,
Tu  os corrompes em sua pureza
E deixas que os corrompam
Com tua negligência
Com tuas mentiras
Teu desprezo
Tua arrogância.

Semeias rancor nas searas
Onde antes só cresciam
Inocência, igualdade, paz.
Tu que inventaste estrelas
Negras...
Pardas...
brancas...
Semeias um ódio novo
E vais colher
Estrelas mortas
Nos campos do céu.

terça-feira, 5 de abril de 2011

VARAL DO BRASIL EM PRIMEIRA EDIÇÃO IMPRESSA


LANÇAMENTO

VARAL DO BRASIL, revista literária eletrônica com editoração mensal em Genebra, Suiça, por Jacqueline Aisenman, tem conseguido reunir um grupo cada vez maior de escritores e poetas, ganhando   popularidade em cada edição.
Pela primeira vez lança uma versão impressa, o livro
VARAL ANTOLÓGICO
cujo lançamento está programado para a noite de 13 de maio de 2011, às 19:30  no espaço da LIVRARIA CATARINENSE, Shopping Beira Mar Norte em Florianópolis.

Além de consagrados escritores residentes no Brasil e  Europa, tem selecionado um grupo de lagunenses membros do grupo CARROSSEL DAS LETRAS.
Jacqueline Aiseman , Dulce Claudino, Flávio Goulart Barreto, J. Machado, Marcio José Rodrigues e Maria de Fátima Barreto Michels.
Organização: Jacqueline Aisenman
Editora: Design Editora
Arte de capa: Isabella Sierra sobre foto de Maria de Fátima Barreto Michels.