terça-feira, 24 de abril de 2012

A BORDO DE UMA NAU PORTUGUESA

 
A BORDO DE UMA NAU PORTUGUESA NO ACHAMENTO DO BRASIL
texto e postagem por márcio josé rodrigues

A aventura pelo mar oceano em uma caravela portuguesa do séc. XVI, como uma daquelas aportaram no Brasil a 22 de abril de 1500, era mais que isso, uma arriscada em que à vida não era dada a menor garantia. Com 13 navios e uma tripulação de 1500 homens entre os quais uma média de 150 crianças, lançava-se ao destino incerto “por mares nunca dantes navegados”. Grande parte deles jamais retornaria do mar.

Entre alguns capitães saídos da nobreza e nenhum conhecimento de marinharia, mas assessorados  por navegadores experientes e capazes, havia uma massa de tripulantes sem nenhum preparo, caçados à força nas ruas entre vagabundos e criminosos.

Crianças eram alistadas por seus pais, que ficavam com seu soldo adiantadamente.
Serviam nos navios como grumetes, nos trabalhos mais sujos, recolhendo excrementos, consertando o velame, bem como, serviços gerais a bordo. Não raro eram violentados nos porões.
 A nau capitânia de Cabral, que muitos acreditam ter sido a famosa “São Gabriel” usada por Vasco da Gama no caminho marítimo para as índias, levava uma tripulação de 200 homens, amontoados e mal alojados entre as cargas, armamentos e animais vivos.

A comida de bordo era baseada em bolachas acondicionadas em barricas, por meses, endurecidas e mofadas, substituindo o pão. Além disso, havia muito toucinho de porco, embutidos defumados, presunto, carne salgada, bacalhau, barricas de sardinha em salmoura, azeitonas, arroz, grão de bico,  damascos, uvas passas, figos secos, avelãs e nozes,queijo, vinho tinto, cabritos, carneiros e galinhas vivos, além de pimenta, louro, cebola e alho.

A água potável era um dos problemas mais delicados e o consumo era tão racionado, que não se podia tomar banho, nem lavar roupas e mesmo a cozinha usava água do mar. Do mais alto escalão ao mais baixo posto, a ração de água diária era rigorosamente igual para todos.

Adoeciam muitos e morriam a bordo.
As principais causas eram nutricionais, por carência de vitaminas C e complexo B.
A falta de vitamina C produzia o Escorbuto, doenças que iniciava pela inflamação das gengivas até o seu apodrecimento, com dores insuportáveis e queda dos dentes. Estendia pela pele e mucosas da boca e garganta e levava à morte, dizimando as tripulações.
A carência de vitamina B causava o Beribéri, doença neurológica, que produzia extrema fraqueza, inapetência, desnutrição e também era fatal.
Muitos também eram atacados por depressão.

Vivia-se em ambiente de umidade constante, sujo, malcheiroso e o trabalho duro começava com o nascer do sol e só terminava com o anoitecer, além daquele extra, quando se tiravam turnos de plantão.

Na ocasião do “Achamento do Brasil” , no domingo de Páscoa, depois da celebração da primeira missa, Cabral reuniu todos os capitães no castelo de popa de sua nau e ofereceu um "jantar" ao meio dia composto de vinho, água fresca, salada de palmito,caldo de galinha, arroz com galinha, frutas secas, embutidos, azeitonas, peixe frito, frutas cristalizadas e marmelada.

Acredito que a s tripulações também tenham tido seu dia de banquete e devem ter tirado a barriga da miséria.

Um comentário:

Anônimo disse...

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