quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

UM BARBEIRO MELHOR QUE O DE SEVILHA



Por Márcio José Rodrigues

Nos anos dourados, quando dançávamos e sonhávamos com as grandes orquestras internacionais de Billy Vaughn, Ray Connif, Paul Mauriath e também “Os Incríveis”, Severino Araújo, The Beatles, Elvis Presley, Bill Halley, boleros de Gregorio Barrios, a explosão da música brasileira dos festivais internacionais, Ellis Regina, a Pimentinha, a música Italiana de Sergio Endrigo, Gigliola Cinquetti, Domenico Modugno, os primeiros passos da jovem guarda e o nascimento de Roberto Carlos e o espetacular Conjunto Melódico Ravena, a prata da casa, andávamos sempre asseados, perfumados e principalmente, com os cabelos impecáveis.
Tínhamos um só par de sapatos, porém sempre limpos e lustrosos.

Os meus cabelos, diziam em casa, devido a uma ascendência de bugre, eram pretos, grossos e rebeldes e só iam para o alinhamento exigido, à custa de muita vaselina (que, diferente da brilhantina, não tinha o perfume insuportável) e gumex.
Como todo jovem com dezessete anos, vivia lamentando pelos cantos a minha desgraça e sentia vergonha daquele desalinho, enquanto meus colegas, muitos, tinham os seus ralos, finos e obedientes a qualquer comando do pente.

Foi então, que um dia, conheci um jovem barbeiro principiante, muito talentoso, que me afirmou:
- Deixa eu cortar o teu cabelo, que eu dou um jeito nele!
Tratava-se de Antônio Vieira, o “Nico”, que iniciava sua carreira em 1957 no centro de nossa pequena cidade de Laguna. Dito e feito. Nunca mais cortei o cabelo com outro ”coiffeur” e o resultado foi surpreendente. Meu lindo e espesso e cabelo preto, passou a ser o meu orgulho e fonte de autoestima, muitas vezes elogiado pelas namoradas.

Meu amigo Nico, hoje, NICO CABELÃO, ainda continua firme em sua profissão após mais de meio século (55 anos), com um moderno salão, o “NICO’S CABELÃO”, onde também trabalham dois de seus filhos, Antônio, o “Toninho” e Elisângela.
Gente muito fina e bonita, cordial e irradiando simpatia.
Ir ao cabelão hoje é, além de tudo, um programa divertido e desestressante posto que além do tratamento delicado e magistral, leva-se um bom tempo de conversa variada e instrutiva. Fala-se de astronomia, gastronomia, futebol, política e filosofia, curiós e azulões, além de explicações “científicas” dos vários porquês dos cabelos. Tudo acaba em graça e satisfação.
Tenho 70 anos, sou cliente fiel há mais de 50, meus cabelos são grisalhos, mas ainda olho no espelho para vê-los tão alinhados e muito bem cortados.

ANTÔNIO RICARDO VIEIRA, o Nico Cabelão é um dos maiores patrimônios vivos desta nossa histórica e heroica cidade de Santo Antônio dos Anjos da Laguna.
Nascido em Jaguaruna, nunca recebeu o título de cidadão lagunense, talvez por que ele o seja mais do que nós todos.

5 comentários:

Anônimo disse...

Muito bem amigo, gostei de ver.

Afonso Prates da Silva disse...

Meu amigo Márcio

Quero aproveitar esta homenagem feita ao Nico para parabenizá-lo, uma vez que, foi o único barbeiro que resolveu o teu problema. Não lembro direito porque naquela época eu era muito pequeno. Ah, só lembro que o pessoal chamava de “ cabelo do Aritana”.
Abraçãooo

Anônimo disse...

Saudades de quando cortava meus cabelos no NICO'S, em uma época que estive acidentado, lavava os cabelos diariamente no seu salão, hábito que com o passar dos dias se tranformou em belas conversas de verão.
Viva o barbeiro Nico!!!!!
Viva Laguna!!!
Vaninho Faraco

Anônimo disse...

Parabéns ao Nico que sempre faz um corte caprichado de cabelo e barba no seu cliente Michels, há décadas. Fatima Barreto.

Raymudo Amboni disse...

Caro Marcio:
Realmente o Nico merece esta linda homenagem que você lhe presta.
Bom amigo, cidadão exemplar, ama com orgulho sua profissão.
Quando estou por Laguna o Salão do Nico é minha primeira parada.
Ja o denominei o TESOURA DE OURO DA LAGUNA.
Gente fina o Nico .