sábado, 28 de dezembro de 2013

O TEMPO E OS ANOS

LA PERSISTENCIA DE LA MEMORIA  - Salvador Dali,1931
Márcio José Rodrigues
Não está escrito no livro do Gênesis, mas muitas outras coisas aconteceram que não foram relatadas.
Deus disse: “Incline-se o eixo da Terra para que seja iluminada desigualmente durante sua volta de um ano em torno do sol. Que se façam quatro estações distintas, que haja primavera, que haja verão, inverno e outono.”
E o homem aprendeu que haveria tempos de luz e de sombra, de flores e de folhas mortas, de fartura e necessidade. 
Tempos de correr livre e brincar pelos campos, tempos de banhos nos rios e de pescar, de dançar em torno do fogo, celebrando canções de amor.  Moças nuas e rapazes musculosos a ostentar a beleza de seus corpos enfeitados de tintas e de plumas nos reflexos avermelhados das chamas.
Sábios e experientes caçadores contavam de suas façanhas,  lembravam feitos de grandes guerreiros, repetidamente, palavra por palavra, noite após noite, para que a história se perpetuasse nas mentes  e nos corações e depois fossem retransmitidas aos descendentes até serem finalmente escritas milênios depois.
As folhas amarelando e caindo e exuberância dos frutos maduros, a festa dos alegres gritos das crianças a se fartarem livres e sem culpas nas exuberantes árvores do paraíso.
Tempos de se recolherem na escuridão das cavernas nas noites intermináveis de frio, na escassez dos alimentos, no medo das trevas e seus mistérios que só os velhos sabiam desvendar; o tempo a passar lento, mas de maior aconchego, de novas histórias, dos monstros da noite, da fúria dos espíritos do vento, do frio e dos raios.
O acordar numa manhã luminosa ao som mavioso do trinado de um pássaro, a erva verde a despontar por entre as brechas da neve e as flores explodindo cores pela campina enfeitada de primavera; o alívio milagroso no coração, porque a vida ressuscitava e se renovava a promessa de novas esperanças, tempos de festa, alegria, felicidade.
Depois, quando perdeu a inocência, o homem ganhou orgulho e soberba e um dia achou que podia aprisionar o tempo e até comandá-lo, como se fosse um animal que domesticara ou o escravo que aprisionara. Inventou o relógio e o calendário e impôs normas para o apito pontual da fábrica, o momento exato das refeições, das crianças aprisionadas em horas rígidas em salas de aula, comandadas por sirenes que lhes determinam ordens subliminares de ficarem em silêncio, manifestar alegria ou até liberarem seus intestinos e bexigas.
Assim, impôs a toda a humanidade que superlota o planeta, que ao encerrar o dia 31 de dezembro de cada ano, no exato momento em que o tempo se confunde naquele segundo de separação, que comece uma grande festa, que as pessoas permaneçam acordadas e se embriaguem e comam por que um novo tempo vai começar.
O velho tempo, porém em sua pachorra de simplesmente passar, nem toma conhecimento disso, inexorável, indiferente.
Mas, convenhamos, é necessário que a gente pare um momento para deixar a esperança aflorar em nossos corações, nem que seja por decreto e convenção e fazermos a necessária pausa na rotina e por um dia pelo menos, sermos primitivos e inocentes como nossos ancestrais do paraíso. Precisamos muito disso, mais do que nunca.
Deixemos ao nosso espírito, a oportunidade de recomeçar a vida como se ela estivesse nascendo outra vez, numa oportunidade de sermos melhores e fazermos as coisa certas.
Então, FELIZ ANO NOVO!
FELIZ 2014.



quinta-feira, 28 de novembro de 2013

REQUIEM PARA UMA CIDADE

CÂMARA MUNICIPAL DE LAGUNA ENTREGA PARAÍSO ECOLÓGICO  DO GRAVATÁ À ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA.

ESPERO QUE O PREFEITO EVERALDO SOS SANTOS TENHA BOM SENSO E CORAGEM DE VETAR ESSE ABSURDO.
(abaixo republico meu canto de luto, " Requiem para uma Cidade"


Foto Ana Barzan

Foto Ronaldo Amboni.

Réquiem para uma cidade
Márcio José Rodrigues

Minha querida cidade
Onde passei minha infância,
Onde colhi a fragrância
Dos dias da mocidade.

Onde plantei os meus sonhos,
Onde sonhei meus amores,
Onde, nas mãos de impostores,
Chegaram dias tristonhos.

Venho encontrar-te em desgraça
Abandonada na rua,
Miserável, pobre e nua
Em tua fria carcaça.

Ao teu cadáver,  a massa
Baixa os olhos, de vergonha,
Toda esta gente pidonha,
Indiferente, que passa.

O que fizeram contigo?
Quem te feriu desse jeito?
Quem rasgou assim teu peito
E te infringiu tal castigo?

Pobre,  mendiga cidade
Das ruas cheias de lixo,
Do " cidadão" que é um bicho,
Que te suga sem piedade.

Seu  caráter,  tão rameiro,
Que mesmo não sendo pobre,
Por umas moedas de cobre
Te vende por vil dinheiro.

Gente que se acha astuta
Faz do voto um rendimento,
Como o gigolô nojento,
Que vive da prostituta.

Só te sobrou esta escória
Para suster teu presente?
O que quer toda essa gente
Que te perdeu a memória?

Ao turvar este teu  brilho,
Ao te cavar teu jazigo,
Na mesma tumba, contigo,
Sepulta seu próprio filho.

Pois, quem mata sua terra,
O próprio destino sela:
Também vai morrer com ela
E a mesma cova o enterra.



terça-feira, 26 de novembro de 2013

LEITORES MIRINS NA ESCOLA PADRE AUGUSTINHO

                                                    Márcio José Rodrigues

Nossa Senhora atravessando o canal da barra no dorso do siri - painel aprox. 1,50  x 1,29 por alunos e professoras  da escola \padre Augustinho - Laguna, Brasil

Sábado último, à tarde, fomos, eu e o escritor Bonifácio Vieira, convidados para uma entrevista com alunos, pais e professores do Centro Educacional Infantil Padre Augustinho
Os alunos da Especialização em Letras e Língua Portuguesa da faculdade FUCAP de Capivari tiveram participação especial em importantes questões formuladas.
Em se tratando de uma instituição municipal desenvolvida a partir de uma creche que hoje se dedica a educação infantil de zero a 6 anos, surpreendeu-nos o trabalho pedagógico avançado que aquelas professoras realizaram com alunos de idade tão tenra para despertar-lhes o gosto precoce pela leitura e interesse por livros e autores.


Os siris - pintura e dobradura em papel 

No caso de meu livro “Antônio dos Botos”, o conteúdo foi trabalhado durante meses, de maneira que as crianças entenderem a história narrada, o tempo, os personagens e enredo, a ponto de desenvolverem trabalhos gráficos com várias técnicas, pintura, recortes e montagens, demonstrando perfeitamente o entendimento pleno da obra.

Só faltava para as crianças, conhecerem e conversarem com o autor. Uma menininha de 5 anos aproximou-se e me perguntou. “por que é que o senhor gosta de escrever para a s crianças?”
Aí, eu derreti diante daqueles olhinhos brilhantes e curiosos.



Uma excelente tarde de proximidade e interação com as crianças, seus pais, professores e os universitários.

Cumprimento a todas as professoras e agradeço a calorosa recepção da Diretora Márcia Adriana Feltrin, secretária Juliana Fagundes de Carvalho e a professora Fernanda Saviato Knabben, professora Bruna Neves da Fucap e seus alunos, inclusive Bruna.



O linguado - painel : pintura, dobradura e colagem

Nossa Senhora, o siri, o boto e o linguado. montagem

Detalhe da plateia


Autores Márcio e Bonifácio (sentado)

Profesoras e alunos da Fucap

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

GANGA ZUMBA

uma mulher muito linda - imagem Gooogle
                                   

Márcio José Rodrigues

Gostaria que esse fosse simplesmente o “Dia da Consciência".

DIA DA CONSCIÊNCIA HUMANA.

 De as pessoas todas depararem-se consigo mesmas e darem-se conta de que cada uma é um ser individual e coletivo, com a possibilidade de viver sua vida particular e poderem participar numa sabedoria comunitária de sobrevivência, convivência e colaboração.

Gostaria que as pessoas olhassem para uma mulher na rua e observassem apenas se é jovem, criança ou madura, se é bela ou elegante; se seus cabelos são loiros ou castanhos, lisos, crespos, longos ou curtos, 
se ela é clara, escura, alta ou baixa.
Simplesmente colhessem a impressão que lhes causa, boa ou ruim, 
agradável ou desagradável.

O mesmo para um homem, se parece um executivo, um operário, um turista, um estudante, conhecido ou desconhecido, amigo, parente.

Pessoas colhendo de pessoas, apenas impressões naturais, de simpatia ou até desinteresse, neutralidade ou afeto.
Até gostar ou não gostar, com naturalidade.

Sei que o mundo chegará aí, com tempo e sem traumas numa convivência cada vez maior sem nenhum preconceito, consciência coletiva de que somos apenas pessoas e especialmente humanos à imagem e semelhança uns dos outros, porque à imagem de Deus.

Como cantávamos na missa de domingo:

Filhos do mesmo Pai
Com sangue da mesma cor
Herdeiros do mesmo céu
Nascidos do mesmo amor.


sábado, 16 de novembro de 2013

XV DE NOVEMBRO - NADA A COMEMORAR

                                                                                Márcio José Rodrigues            

Hoje o dia do feriado poderia ter amanhecido de gala, mas para Laguna trouxe coisas tristes e difíceis de serem esquecidas.
!5 de novembro,

1839 -  a frota naval farroupilha de Garibaldi foi massacrada no canal da Barra, no maior combate em águas internas jamais travado na história do Brasil. 23 vasos de guerra defrontando-se num combate de morte, onde a fragata “Bela Americana” lacrou o destino da efêmera República Juliana.
Batalha naval do Canal da Barra - óleo sobre tela por Willy Zumblick

1887 – fundação do Clube Blondin, que por123 anos pertenceu à sociedade lagunense, construído com as mãos e a tenacidade de famílias representativas da sociedade local. 
Poderia estar em vias de ser simplesmente levado, esse patrimônio, à posse de particulares, sem nenhum direito legal para isso?
 Tremem no túmulo, os ossos de Paulo Carneiro e a Laguna não pode esquecê-lo nunca.

1889 – é deposto do governo imperial, Dom Pedro II, expulso do país, o melhor governante que o Brasil teve em sua existência, para inaugurar a través da Proclamação da República, este caos administrativo de corrupção que montou de rédeas e esporas nas costas do povo brasileiro.
Vista da Reserva do Gravatá - foto Ronaldo Amboni

2013 – A Câmara de vereadores  da Laguna determina o sepultamento do último reduto ecológico intocado do Município, o paraíso do Gravatá, para ser esquartejado e repartido entre a matilha da especulação imobiliária. Projeto infeliz e desqualificado, não tem como explicar a destruição de um aquífero importante (o que é considerado pecado mortal pelos órgãos federais ambientais), sem nenhuma infraestrutura prevista para tratamento e destino de efluentes, que terá certamente o destino certo, o mar, além de ferir acintosamente a lei que já o declarava reserva ambiental.

         
Feriadão para todos os tolos embriagados de preguiça e comodismo, que vão se acordar segunda-feira com uma cidade cada vez pior de se viver, de trabalhar de arranjar um trabalho decente.

Nota: imagens recolhidas de postagem de Júlio Cesar Vicente (ambientalista)

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

FINADOS - O DIA DA SUDADE

A MORTE DE SÓCRATES -  José Maria de Medeiros (Portugal)
                                       Texto e postagem Márcio José Rodrigues
       
 Estamos no dia de hoje, superando a casa dos 7 bilhões e duzentos milhões de habitantes no planeta Terra.
Já pensou que daqui a 100 anos, só um século, toda essa multidão de humanos já estará morta?
Se nada de estranho acontecer, haverá, no entanto, mais de 10 bilhões em nosso lugar, vivendo sob novas tecnologias, mas sentindo a mesma saudade, as mesmas paixões, o mesmo medo, as mesmas incertezas, as mesmas inquirições, alegrias, dúvidas, igual aos nossos ancestrais das cavernas.
O mundo evoluiu em espécies, lugares foram modificados, rios secaram, montanhas sumiram, ilhas emergiram, continentes racharam, mas o velho ser humano ainda teme a morte do mesmo jeito que um grupo de guaranis em torno de uma fogueira numa noite escura.
Talvez esta vida seja para nós, como um tronco de árvore a quem um náufrago se agarra e não quer deixar, para nadar até uma praia bem à sua frente, com medo de não poder chegar lá.
É e será sempre medo do desconhecido.

Mas, se a morte repete inexoravelmente seu ritual há milhares de anos, é porque ela sabe que está certa.
Logo mais, de modos diferentes, milhões de pessoas homenagearão seus mortos.
Levarão flores, enfeitarão seus túmulos, acenderão velas, cantarão canções e até dançarão para eles.
É o grande dia universal de celebração da saudade que eles deixaram em nossos corações, para não nos esquecermos de que o mundo só nos deixa provar uma fatia de sua história.
Quem sabe eles estejam a dizer-nos que procuremos viver melhor com nossos semelhantes sem ambicionarmos mais do que o necessário para uma existência só.
Que triunfe, pois, a saudade boa e doce dos nossos queridos, enquanto vivermos e a esperança de outra vida onde nos encontraremos.



quarta-feira, 30 de outubro de 2013

A PRIMEIRA EUCARISTIA

                                              Fotos, texto e postagem por Márcio José Rodrigues

Domingo que passou (27/10), a manhã ensolarada  inundou de luz a encantadora Matriz de Santo Antônio dos Anjos da Laguna na missa de PRIMEIRA EUCARISTIA  da turminha deste ano de 2013.
Não bastasse a beleza do templo enfeitado de rosas brancas, candelabros e velas decorativas, um encantador cortejo de túnicas brancas e sorrisos puros, meigos, a fazer inveja aos anjos, merecia a atenção, os olhares, a ternura e a expectativa dos presentes que lotavam o templo.
Uma chusma de almas puras ao primeiro encontro com seu maior amigo para todo os dias de suas vidas e para além delas.
Era a renovação das promessas do batismo, a renovação da bondade em nossos corações envelhecidos, o reacendimento da chama da fé católica na Igreja.
O primeiro encontro formal das crianças com Jesus Eucarístico, para satisfazer o maior gosto Dele, o de estar perto delas sempre.
E como elas estavam compenetradas, lindas, luminosas e felizes.

Talvez algumas imagens possam ilustrar um pouco disso, no lugar das palavras que não conseguem dizer.


Panorâmica da nave - Igreja matriz de Santo Antônio dos Anjos da Laguna

Maria Helena , Maria Antônia , Laura e Juan (atrás)

Padre Pedro Damázio e Maria Antônia recebendo a primeira Eucaristia

Catequista Marlene Prates e Kailani


Maria Antônia e o bolo simbólico feito por vó Gracinha





quarta-feira, 16 de outubro de 2013

DIA DO PROFESSOR

Boa noite.
Faltam uns poucos minutos para acabar o  "Dia do Professor”.
Deixei este momento para fazer um registro. Nosso modelo de educação falhou no aspecto de “Educar para a Educação”.
Deus quando fez o primeiro ser vivo, cuidou de fazer o DNA, para que sua criatura se perpetuasse através dos tempos e evoluísse.
Nós cuidamos de formar engenheiros, médicos, advogados e descuidamos de formar governadores. Governadores e policiais.
Hoje, os governadores tratam a educação como fardo, os professores como problemas e os alunos como despesa.
Por isso, sucateiam as escolas e humilham o professor.
O governador manda bater sem dó em seus professores.
A Polícia bate sem misericórdia naqueles que seguraram suas mãos para escrever.
Mas eles as usam para bater.
Ninguém se lembrará de vocês no futuro, nem colocará no ar para vocês, auras de ternura, nem pétalas de flores no seu dia.
O futuro dirá que não precisaremos mais de policiais nem governadores, mas jamais abrirá mão dos professores.



Ressurreição

se a lei desta existência dispusesse,
que voltar da outra vida facultasse,
se tudo igual de novo acontecesse
mesmo que um milênio se passasse,

mesmo que tudo outra vez sofresse,
mesmo que o poder me injustiçasse
e a polícia de novo me batesse
e a mão da ignorância me travasse

e se um mísero salário recebesse
e por ser pobre, alguém me desprezasse
e se meu filho não compreendesse,
que a miçanga do mundo lhe faltasse,

se o eterno senhor me permitisse,
que um dia, aqui voltasse,
quisera que um favor me concedesse:
- de novo, professor eu retornasse!

márcio josé rodrigues


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

MATÉRIA PUBLICADA NO BLOG DE ARI ZANELLA

PELO PRAZER DE CONTRARIAR

Esta notícia relatando um episódio da vida do decano juiz do STF Celso de Mello é um depoimento do jurista Saulo Ramos, ex-ministro da Justiça no governo de José Sarney e o responsável pela nomeação de Celso de Mello para o STF. Saulo fez a revelação no seu livro "Código de Vida", Editora Planeta, 8º edição, 2007. Numa entrevista à Veja, em 2007, o saudoso Saulo Ramos disse sobre o mensalão que o processo estava muito bem montado pela Procuradoria-Geral da República e que as afirmações do então presidente de que não sabia de nada eram "uma agressão à inteligência dos brasileiros."
Aqui está o depoimento sobre Celso de Mello, seu amigo pessoal, inserido no livro acima:

“Terminado seu mandato na Presidência da República, Sarney resolveu candidatar-se a Senador. O PMDB — Partido do Movimento Democrático Brasileiro — negou-lhe a legenda no Maranhão. Candidatou-se pelo Amapá. Houve impugnações fundadas em questão de domicílio, e o caso acabou no Supremo Tribunal Federal.
Naquele momento, não sei por quê, a Suprema Corte estava em meio recesso, e o Ministro Celso de Mello, meu ex-secretário na Consultoria Geral da República, me telefonou:
— O processo do Presidente será distribuído amanhã. Em Brasília, somente estão por aqui dois ministros: o Marco Aurélio de Mello e eu. Tenho receio de que caia com ele, primo do Presidente Collor. Não sei como vai considerar a questão.
— O Presidente tem muita fé em Deus. Tudo vai sair bem, mesmo porque a tese jurídica da defesa do Sarney está absolutamente correta.
Celso de Mello concordou plenamente com a observação, acrescentando ser indiscutível a matéria de fato, isto é, a transferência do domicílio eleitoral no prazo da lei.
O advogado de Sarney era o Dr. José Guilherme Vilela, ótimo profissional. Fez excelente trabalho e demonstrou a simplicidade da questão: Sarney havia transferido seu domicílio eleitoral no prazo da lei. Simples. O que há para discutir? É público e notório que ele é do Maranhão! Ora, também era público e notório que ele morava em Brasília, onde exercera o cargo de Senador e, nos últimos cinco anos, o de Presidente da República. Desde a faculdade de Direito, a gente aprende que não se pode confundir o domicílio civil com o domicílio eleitoral. E a Constituição de 88, ainda grande desconhecida (como até hoje), não estabelecia nenhum prazo para mudança de domicílio.
O sistema de sorteio do Supremo fez o processo cair com o Ministro Marco Aurélio, que, no mesmo dia, concedeu medida liminar, mantendo a candidatura de Sarney pelo Amapá.
Veio o dia do julgamento do mérito pelo plenário. Sarney ganhou, mas o último a votar foi o Ministro Celso de Mello, que votou pela cassação da candidatura do Sarney.
Deus do céu! O que deu no garoto? Estava preocupado com a distribuição do processo para a apreciação da liminar, afirmando que a concederia em favor da tese de Sarney, e, agora, no mérito, vota contra e fica vencido no plenário. O que aconteceu? Não teve sequer a gentileza, ou habilidade, de dar-se por impedido. Votou contra o Presidente que o nomeara, depois de ter demonstrado grande preocupação com a hipótese de Marco Aurélio ser o relator.
Apressou-se ele próprio a me telefonar, explicando:
— Doutor Saulo, o senhor deve ter estranhado o meu voto no caso do Presidente.
— Claro! O que deu em você?
— É que a Folha de S. Paulo, na véspera da votação, noticiou a afirmação de que o Presidente Sarney tinha os votos certos dos ministros que enumerou e citou meu nome como um deles. Quando chegou minha vez de votar, o Presidente já estava vitorioso pelo número de votos a seu favor. Não precisava mais do meu. Votei contra para desmentir a Folha de S. Paulo. Mas fique tranqüilo. Se meu voto fosse decisivo, eu teria votado a favor do Presidente.
Não acreditei no que estava ouvindo. Recusei-me a engolir e perguntei:
— Espere um pouco. Deixe-me ver se compreendi bem. Você votou contra o Sarney porque a Folha de S. Paulo noticiou que você votaria a favor?
— Sim.
— E se o Sarney já não houvesse ganhado, quando chegou sua vez de votar, você, nesse caso, votaria a favor dele?
— Exatamente. O senhor entendeu?

— Entendi. Entendi que você é um juiz de merda! Bati o telefone e nunca mais falei com ele.”
Delenda est Carthago - É preciso consertar o nosso Judiciário criando mecanismo de eleições internas para escolha de seus novos membros!

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

PRESENTE DE ANIVERSÁRIO

Passeio em Petrópolis

                                                                   Texto por Márcio José Rodrigues Filho

Ah, palavras...

Um soneto shakespeariano, rebuscado e cheio de aliterações, talvez não seja suficiente para demonstrar a admiração que tenho por este cara.

Doutor 
Marcio Rodrigues, Professor Márcio, Doc Márcio (Barão e Conde, título que omite por humildade), ou aquela famigerada alcunha – que, aos desavisados, ele detesta! Tais vocativos não me servem. Valho-me do mais significativo, do mais simbólico e grato: PAI.

Pai valente, que jamais fugiu à luta. Sempre com o mesmo escopo: fornecer uma boa educação aos filhos e uma vida digna à família. Se cometeste um erro em nossa criação, certamente foi o de nos dar carinho demais.

Teus frutos cresceram, são maduros (ou nem tanto, por opção, muito embora permanecer eternamente uma criança brincalhona não tenha lá muito a ver com maturidade, mas com a tentativa de não descer do topo dos pelos do coelho e estão prontos para a vida (ou quase). 

Somos gentis, turrões, amorosos e leais. Brigamos entre a gente, mas logo deixamos de lado aquela rusga familiar boba de lado. Perdoamos uma, duas, três, setenta vezes sete...

Além de todos os valores éticos que me passaste (a ser grato, inclusive), aprendi contigo a gostar de Mercedes Sosa, Richard Wagner, Verdi, Beatles, Clara Nunes, Beethoven, a apreciar Van Gogh e diferenciar Manet de Monet. A admirar Guernica. Acabei deixando o Julio Verne de lado por preferir o Pato Donald... Coisa de criança ingênua. Mas valeu a tentativa.

Meu velho, meu parceiro, meu brother, meu grande amigo, meu pai. Mais uma primavera se passa. Que tenhas muita saúde e “moedas no bolso” para gastar, para que eu possa desfrutar de tua companhia e possas me ensinar ainda mais.

E que tenhas ainda muita paciência para aguentar as birras de teu eterno filhote Marcinho. Um grande beijo. Feliz aniversário.


Nota do blog:
Márcio José Rodrigues Filho é acadêmico de Direito na Universidade Federal de Santa Catarina.

"moedas no bolso" - anos de vida que ainda temos para viver ou "gastar".

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

UCHO. INFO ( MATÉRIA PUBLICADA 08/08/2013)

Sírio-Libanês: manifestantes tentam invadir hospital onde estão internados Sarney e Genoino

Barulho na janela – Estava demorando, mas acabou acontecendo no começo da noite desta quinta-feira (8), em São Paulo. Manifestantes que protestavam na Avenida Paulista por melhorias na saúde pública rumaram para o Hospital Sírio-Libanês e tentaram invadir o melhor e mais requisitado centro médico do País.
Destino de nove entre dez autoridades brasileiras, o Sírio-Libanês abriga neste momento o senador José Sarney (PMDB-AP), diagnosticado com dengue aguda e pneumonia bacteriana, e o deputado federal José Genoino (PT-SP), que se recupera de cirurgia para corrigir uma dissecação da aorta.
Ambos os parlamentares estão no hospital por conta do suado dinheiro do contribuinte. Para que não restem dúvidas a esse respeito, recentemente o Senado Federal renovou um convênio, válido por seis meses, com o Sírio-Libanês no valor de R$ 5 milhões.
Responsável por transformar o Maranhão no mais miserável estado brasileiro, Sarney contraiu pneumonia provocada por bactéria que tem resistido aos pesados e modernos antibióticos que estão sendo ministrados pelos médicos que o atendem. Uma amostra da bactéria foi enviada para os Estados Unidos, onde testes indicaram a melhor forma de combatê-la.
Esse é mais um escárnio patrocinado pela classe política brasileira, que se vale do dinheiro do cidadão para custear mordomias, enquanto a saúde pública avança na trilha do caos e da degradação. No momento em que um parlamentar usa o dinheiro do trabalhador para custear tratamento médico, o mais justo é que isso aconteça em hospital público.
ucho.info nada tem contra o Hospital Sírio-Libanês, que na realidade merece o reconhecimento dos brasileiros pela medicina de excelência que disponibiliza aos pacientes, mas trata-se de afronta um político poder escolher o local onde será tratado às custas do dinheiro público. Que José Sarney e José Genoino, ao deixarem o hospital, coloquem a mão no bolso e, mais tarde, não usem o expediente chicaneiro de apresentar notas fiscais e recibos para ressarcimento no Congresso Nacional.
(Foto: Nelson Antoine - Foto Arena

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

NOITE DE AUTÓGRAFOS EM LAGUNA


A noite de autógrafos no lançamento do livro LAGUNA TERRA MATER de Adilcio e Lucas Cadorin teve pleno sucesso ontem no Centro Cultural e Social Santo Antônio dos Anjos em Laguna.
Como um dos acontecimento de destaque da 37ª Semana Cultural, a "Cronologia Histórica" a que se reporta a obra, mereceu aplausos e admiração do  destacado público que  compareceu nessa bem sucedida noite de gala.



Pesquisa séria realizada, inclusive, em bibliotecas e arquivos de Portugal, Espanha, Itália e texto conduzido magistralmente em suas 400 páginas, "Laguna Terra Mater" promete revolucionar as bases do conhecimento sobre as origens da cidade de Laguna, no sul do Brasil, podendo inclusive indicar novos parâmetros para a demarcação de datas relacionadas à sua fundação.

A apresentação do livro coube ao orador convidado, Márcio José Rodrigues, usando da palavra também o Desembargador Carlos Prudêncio, O Prefeito Municipal Everaldo dos Santos, enfermeira Regina Ramos dos Santos, diretora do Hospital senhor Bom Jesus dos Passos, e os autores Lucas Cadorin e Adilcio Cadorin.






















Não bastasse por si só a noite de literatura, o público ainda foi brindado com deliciosa apresentação musical de Joãozinho Rodrigues, cada vez mais maduro e surpreendente em seu repertório de extremo bom gosto.




Enfim, uma noite especial.


Vale a pena acrescentar que a arrecadação sobre a tiragem dessa edição ( 1000 volumes) reverte-se em benefício do Hospital Senhor Bom Jesus dos Passos.

O valor de capa do volume é de R$ 50,00.

texto e fotos por márcio josé rodrigues.


segunda-feira, 29 de julho de 2013

LAGUNA 337 ANOS DE FUNDAÇÃO.

A velha Laguna apaga silenciosamente mais uma velinha no seu bolo de 337º aniversário.

Lugar mágico, ponto estratégico no Atlântico Sul Ocidental, já ouvi dizer que nela se localiza um dos três pontos misteriosos do planeta, onde se desmancham as tempestades no cabo de Santa Marta, onde o mar muda de feição para se converter no “mar tenebroso” que afronta o navegante que demanda o sul.

Lugar onde o Criador esmerou-se nos detalhes da paisagem, onde o destino escolheu para enredar tramas de amor e de aventura, de feitos e heroísmos, mas que não conseguiu comover um povo pusilânime e acomodado que aceita as maiores humilhações e se acovarda na hora de se expor ao mínimo risco, na hora de defender a terra mãe e patrimônio  de herança  para sua descendência.



Imagem ao lado, monumento ao fundador DOMINGOS DE BRITO PEIXOTO
(em1676)
Garça branca disputa em beleza com o reflexo nas docas do antigo porto.
Do que o Lagunense tem medo?
De desagradar algum poderoso, de perder o emprego,  o cabide na prefeitura ou no estado, medo do vizinho, medo de apanhar?

Ruas em regime de caos, alagadas, sujas, cidade feia, de calçadas esburacadas, povo pobre, abandonado, sem segurança, sem saúde, sem trabalho e sobretudo, calado.
Depois que assenta as nádegas na cadeira em frente à televisão, tranca portas e janelas não antes de colocar seu lixo na via pública para que os cães vadios e o vento nordeste espalhem o retrato de sua miséria.
É pelo lixo que se conhece como vive uma família.
A cidade está suja e o povo nem se importa mais!

RUA RIO BRANCO, CENTRO  COMERCIAL  - NO DIA DO 337º ANIVERSÁRIO DA CIDADE
ÀS 3 HORAS DA TARDE, SEGUNDA FEIRA RADIANTE DE SOL 29 DE JULHO DE 2013.

Se você não gostou desta crônica de aniversário, proponho que fique bravo e grite, xingue, me apedreje, mas por favor, não fique calado.

Proponho mudar nossa cidade, passo a passo, um de cada vez.
Que tal começarmos pelo nosso lixo?

fotos e texto por márcio josé rodrigues.