sábado, 4 de fevereiro de 2012

MEDO


Composição sobre imagem Google - mjr
por márcio josé rodrigues


Quando o medo, algoz que atormenta,
E invade as tuas noites solitárias,
Em cada canto escuro, se apresenta
A imagem do fantasma, imaginária.

Vampiro negro de asas monstruosas
Que se debruça e te oprime o peito
Em sombras de mistério, tenebrosas,
E te sufoca no teu próprio leito.

Sofrer desse pavor,  dor impiedosa,
Sentir o coração batendo incerto.
Lá dentro, fria, a garra poderosa,
Cruel, tenaz, sem afrouxar o aperto.

Espectro que não se mostra, entanto,
Demônio oculto, a aparecer num instante,
Presença ruim envolta em negro manto,
Prestes a troar, num grito horripilante.

Dispara o coração à ânsia atroz de morte,
Úmidas as mãos, o frio, a mente torturada.
Da dor, o medo é sempre a dor mais forte.
- Acende a luz! Sem sombra, o medo é nada!

Laguna, Brasil fev/2012

2 comentários:

Anônimo disse...

Aí Poeta:
Hoje baixou o Quental, o Antero, num Realismo: frio, pesado, corrente, mas poético.
Verve é verve e reconhece-a quem a tem, real ou intelectual...
Medo é medo. Só quem o tem reconhece sua realidade por mais irreal que seja, ou que digam que é...

Gostei do teu espectro-poético.

E,só para lembrar,aí vai,de Antero de Quental:
Espectros
Espectros que velais, enquanto a custo
Adormeço um momento, e que inclinados
Sobre os meus sonos curtos e cansados
Me encheis as noites de agonia e susto!...

De que me vale a mim ser puro e justo,
E entre combates sempre renovados
Disputar dia a dia à mão dos Fados
Uma parcela do saber augusto,

Se a minh'alma há-de ver, sobre si fitos,
Sempre esses olhos trágicos, malditos!
Se até dormindo, com angústia imensa,

Bem os sinto verter sobre o meu leito,
Uma a uma verter sobre o meu peito
As lágrimas geladas da descrença!

Antero de Quental, in "Sonetos"

Com um abraço amigo do ex-colega de literatura portuguesa, 2º Ci/CC, João Jerônimo.

Oh! Tempos... eternos na memória.

Sandra Helena Queiróz Silva disse...

Querido Poeta,

Medo dos medos e arremedos do desconhecido.Ansiedade que sufoca e amargura a própria alma, desconsertando o equilíbrio do ser. Pleno e divino este medo que não dá medo.Só tenho elogios a perfeição da qual expressas o Medo.

Beijos de Luz!