quarta-feira, 8 de maio de 2013


OS BUGIOS E AS TOCAS

No reino da bicholândia uma raça de bugios recebeu a incumbência de decidir sobre as questões que interessavam à comunidade do campo e da floresta, comuns a todos os viventes.
Eles tinham sido investidos em grande poder e extrema confiança, sob juramento solene de defender a verdade, a justiça, o bem estar, elaborando leis justas para o interesse comunitário e fiscalizando o cumprimento delas.

Com a modernidade dos tempos e a demanda de mais espaços para habitação, os bichos passaram a morar em tocas.
As tocas tornaram-se a febre  e o sonho de consumo de macacos, capivaras, gatos e cachorros, enfim de todos os habitantes.
Logo, logo, os tatus, detentores da tecnologia de construção, passaram a dominar um grande comércio de escavações, colocando em risco a preservação,  a segurança e contenção dos barrancos. 
Os melhores espaços estavam esgotados.
Mas os tatus, cegos pela perspectiva de mais riquezas, argumentavam pela necessidade de mais e mais tocas, extrapolando o gabarito de suporte de mais escavações.
Bugios - foto google.
Só os bugios do grupo juramentado podiam  conter a ganância daqueles predadores sem escrúpulos.

Mas, para surpresa de todos os viventes, veio o dia da grande decepção geral. O fato é que aprovaram por maioria, uma lei desastrosa para a natureza e o bem estar geral, em favor de mais enriquecimento dos tatus.

Agora, embora tristes, todos os bichos sabem os nomes de cada um daqueles bugios que, felizmente, não são tão fortes quanto pensam.
Acima deles existe uma lei muito maior e eles serão envergonhados diante da comunidade, além de perderem a confiança dos animais.
Felizmente, a lei é tão mal estruturada, que só resta ao tribunal dos bichos, declará-la nefasta, individualista, egoísta e sem efeito.

(Qualquer semelhança com fatos da vida real é mera coincidência. Este texto de ficção é apenas uma fábula para bichos crianças, para que no futuro, quando forem juramentadas, não façam mal à sua floresta.
- márcio josé rodrigues - 

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