UMA ANALISE MUITO LÚCIDA
por Luís Fernando Fabris (*)
William
Deming, o pai do desenvolvimento japonês dizia que não há nenhum resultado
alcançado sem que exista um processo que leve a ele.
Laguna fez uma
opção muito clara por ter um turismo de baixo nível, predatório e que se caracteriza
por uma intensa permissividade.
Em Laguna, os motociclistas podem dirigir bêbados ou drogados; garotos podem
usar a praia como se fossem banheiros ou quartos de motel; nossas ruas e praias
podem ser usadas como latas de lixo; as brigas entre bandos são perfeitamente
toleradas e, é claro, pode-se colocar o som dos carros em um volume que
impossibilite até ouvir a voz da consciência!
O interessante é que, ao se perguntar sobre esta questão a comerciantes da
cidade, há uma quase unânime resposta de que esse é um preço pequeno para o
lucro deixado no comércio pelos "eventos", como se o fato de gastar
na cidade habilitasse um motorista ou motociclista a dirigir bêbado e colocando
em risco a vida de terceiros.
Como mencionado acima, isso foi uma opção consciente e, portanto, consciente
devemos estar das consequências dessa decisão. Sugiro que olhem o que se passa
em cidades como Praia Grande e Guarujá, em São Paulo. Essas cidades foram
tomadas, inicialmente, pelo turismo predatório. Hoje são territórios de gangues
de traficantes de drogas (um fenômeno que começa a ocorrer em nossa cidade).
Se pretendemos ter um turismo saudável, urge desmontar os esquemas que permitem
o turismo predatório. Por exemplo: não se pode colocar uma praça de eventos ao
lado do santuário ecológico dos botos, achando que a pressão sonora não os
prejudica (com base em um estudo jamais divulgado). Se pretendemos ter um
turismo de alto nível, não podemos ter lixões a céu aberto. Se quisermos,
podemos nos espelhar em Gramado, uma cidade praticamente sem atrativos naturais
e que se tornou referência de turismo porque seus habitantes, principalmente os
comerciantes, resolveram investir para se ter uma cidade turística de alto
nível. É claro que isso leva tempo; é claro que exige sacrifício, mas a mudança
sempre envolve risco e incerteza.
Podemos ficar na certeza que nos imobiliza, sendo a "cidade do carnaval no
Sul do País, a cidade do Motolaguna, a cidade do Universipraias e continuaremos
colhendo os mesmos problemas.
Como disse Einstein a um aluno que repetia sem parar a mesma experiência:
"o que te autoriza a pensar que, fazendo exatamente as mesmas coisas
sempre, vá um dia ter um resultado diferente?"
(*) Luis Fernando Fabris é empresário da indústria farmacêutica em São Paulo. É Farmacologista, Farmacêutico-bioquímico. Comprou recentemente propriedade e m Laguna e confessa ser um lagunista fanático.
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