segunda-feira, 16 de janeiro de 2017


UMA ANALISE MUITO LÚCIDA

                                        por Luís Fernando Fabris (*)

                  William Deming, o pai do desenvolvimento japonês dizia que não há nenhum resultado alcançado sem que exista um processo que leve a ele.

Laguna fez uma opção muito clara por ter um turismo de baixo nível, predatório e que se caracteriza por uma intensa permissividade. Em Laguna, os motociclistas podem dirigir bêbados ou drogados; garotos podem usar a praia como se fossem banheiros ou quartos de motel; nossas ruas e praias podem ser usadas como latas de lixo; as brigas entre bandos são perfeitamente toleradas e, é claro, pode-se colocar o som dos carros em um volume que impossibilite até ouvir a voz da consciência!
O interessante é que, ao se perguntar sobre esta questão a comerciantes da cidade, há uma quase unânime resposta de que esse é um preço pequeno para o lucro deixado no comércio pelos "eventos", como se o fato de gastar na cidade habilitasse um motorista ou motociclista a dirigir bêbado e colocando em risco a vida de terceiros.
Como mencionado acima, isso foi uma opção consciente e, portanto, consciente devemos estar das consequências dessa decisão. Sugiro que olhem o que se passa em cidades como Praia Grande e Guarujá, em São Paulo. Essas cidades foram tomadas, inicialmente, pelo turismo predatório. Hoje são territórios de gangues de traficantes de drogas (um fenômeno que começa a ocorrer em nossa cidade).
Se pretendemos ter um turismo saudável, urge desmontar os esquemas que permitem o turismo predatório. Por exemplo: não se pode colocar uma praça de eventos ao lado do santuário ecológico dos botos, achando que a pressão sonora não os prejudica (com base em um estudo jamais divulgado). Se pretendemos ter um turismo de alto nível, não podemos ter lixões a céu aberto. Se quisermos, podemos nos espelhar em Gramado, uma cidade praticamente sem atrativos naturais e que se tornou referência de turismo porque seus habitantes, principalmente os comerciantes, resolveram investir para se ter uma cidade turística de alto nível. É claro que isso leva tempo; é claro que exige sacrifício, mas a mudança sempre envolve risco e incerteza.
Podemos ficar na certeza que nos imobiliza, sendo a "cidade do carnaval no Sul do País, a cidade do Motolaguna, a cidade do Universipraias e continuaremos colhendo os mesmos problemas.
Como disse Einstein a um aluno que repetia sem parar a mesma experiência: "o que te autoriza a pensar que, fazendo exatamente as mesmas coisas sempre, vá um dia ter um resultado diferente?"


(*) Luis Fernando Fabris é empresário da indústria farmacêutica em São Paulo. É Farmacologista, Farmacêutico-bioquímico. Comprou recentemente propriedade e m Laguna e confessa ser um lagunista fanático.


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