O QUE A CULTURA REPRESENTA PARA UMA CIVILIZAÇÃO.
A cultura
é uma espécie de alma comum que faz a identificação de povo constituído plenamente
em sua dignidade.
É a sua marca de raiz, seu DNA, sua noção de pertença, de pátria.
Qualquer
interferência oriunda de acréscimos, migrações, seja nos usos, costumes, arquitetura,
culinária, religião, sistema político, interfere superficial ou profundamente
nesta alma de comunidade.
Neste caso, sempre se acrescenta algo, se suprime, se ganha e se perde.
No caso destes povos, onde o
culto às tradições é protegido e passado de geração em geração, a cultura permanece
e serve de paradigma à união do grupo, defesa contra ataques externos e sobrevivência
da raça.
Usamos estes comentários para
fazer uma divagação sobre a cultura em Laguna.
Nós temos nestas 5 últimas
décadas, desprezado nossa cultura, abandonado nossas lembranças e descartado as
memórias de família, receitas, bolos, pratos de domingo, histórias,
brincadeiras, músicas, fazeres, saberes.
Estamos desorientados, cegos,
perdidos neste âmbito.
Quando nossas famílias param de
transmitir seus valores culturais aos filhos e netos, elas mesmas se desfazem,
perdem laços preciosos de suas origens e sua identidade.
Não existe desgraça e vergonha
pior que esta, para uma raça que esqueceu sua bandeira, seu orgulho e sentido de pertença.
Daí que apelo aos poderes que ora
iniciam sua trajetória, que liderem um movimento para ressuscitar urgente a
cultura da Laguna porque nos estamos desintegrando rapidamente como cidade e nos tornando
terra de ninguém.
Como assim?
Investir sistematicamente na cultura
luso-açoriana, na música, literatura, artes cênicas, dança, folguedos, folclore.
Incentivar o culto da história das famílias, fotografias, objetos, artes domésticas,
culinária, par que num rápido movimento de resgate, recomecemos a soprar a nossa
fogueira tribal antes que a última brasa se apague nas cinzas.
Nas escolas, nas praças, nas
comunidades, nas associações, nos grupos folclóricos, nos espaços culturais.
LAGUNIDADE é o grito que
desesperadamente tento fazer ouvir para que voltemos a ser o altivo povo luso-açoriano,
pescador e farrapo, tradicionalista e hospitaleiro, que acolhe com carinho o
aquele que visita ou vem para ficar, mas também exige respeito e ordem.