quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

SÍNDROME DAS JANELAS PARTIDAS

                                                                       
                                                                                                                          por márcio josé rodrihues

Há uns atrás, pesquisadores da Universidade e Stanford nos Estados Unidos, George Kelling e James Wilson fizeram uma interessante experiência em comportamento humano. Abandonaram dois automóveis iguais em dois bairros diferentes. Um em Nova York, no Bronx, bairro mais violento e pobre da cidade. O carro foi depredado no mesmo dia, desmontado; roubaram tudo que era possível, desde motor, rodas, bancos, rádio, peças e o que não podia ser levado foi destruído.
O outro veículo foi abandonado em um bairro classe A na cidade de Palo Alto na Califórnia.
Alí, o carro permaneceu intacto por várias semanas, sem sequer um arranhão. Porém, a pesquisa continuou e o passo seguinte, foi quebrar-lhe uma das janelas. A partir desse momento, no bairro rico, o comportamento foi o mesmo do bairro pobre de Nova York, carro depenado, vandalizado, depredado até virar sucata.

Como explicar essa mudança de comportamento?
Quando se permite que algo pareça abandonado, o comportamento das pessoas é esse, de depredar destruir, menosprezar, desvalorizar, desrespeitar.
Já notou como em uma casa com uma vidraça quebrada sem conserto, logo, logo as outras também são destruídas a pedradas? Vândalos logo sentem-se à vontade em ocupar um edifício abandonado, transformá-lo em cortiço, destruí-lo, incendiá-lo.
Baseado nessa pesquisa o Prefeito de Nova York, Rudolph Juliani, atacou o problema dos crimes comuns no metrô, parques, praças com a famosa investida “Tolerância Zero”, onde qualquer contravenção, por menor que fosse, uma pichação, um simples furar uma fila era punido exemplarmente. O resultado surpreendente, foi o a queda drástica da criminalidade em Nova York, a um índice dos mais baixos do mundo.
Em certa oportunidade um indivíduo comum foi preso por um simples pular a borboleta do metrô. Levado à delegacia para as diligências de praxe, descobriu-se tratar-se de um dos criminosos mais perigosos e procurados pela polícia, “O assassino de Central Park”, que estuprava, assaltava, matava suas vítimas e vinha à muito tempo ludibriando a polícia. Se a contravenção da borboleta do metrô fosse esquecida, ele estaria ainda a estrangular suas vítimas, impunemente.
Mentalize a imagem de uma janela com vidraças partidas e tente traçar um paralelo entre certos fatos com os quais estamos convivendo.
Brasil, insegurança, criminalidade e impunidade.
Justiça, tolerância, proteção, demora, improbidade.
Poder público, falcatruas, escândalos, crimes.
Educação, escolas feias e carentes, professores mal pagos.
Cidade feia, abandonada, buracos, sujeira, matagal, calçadas caóticas.
Saúde, postos públicos, hospitais falidos, funcionários despreparados.
Nossa própria casa, pintura, limpeza, cuidados, apresentação.
Só pra começar uma série de artigos sobre a situação de nossa cidade.

Para saber mais:
Broken Windows – George Kelling e Ctherine Cobs.




Um comentário:

Neneca Medeiros Vieira disse...

As Janelas Partidas em nossa cidade são evidenciadas nos prédios públicos do governo estadual,como por exemplo, na rua Santo Antônio(onde morou Donga Matos) e a casa onde funciona o SINE perto do museu.Bom
seria se o Secretário Regional tomasse as devidas providências.