por márcio josé rodrihues
Há
uns atrás, pesquisadores da Universidade e Stanford nos Estados Unidos, George
Kelling e James Wilson fizeram
uma interessante experiência em comportamento humano. Abandonaram dois
automóveis iguais em dois bairros diferentes. Um em Nova York, no Bronx, bairro
mais violento e pobre da cidade. O carro foi depredado no mesmo dia, desmontado;
roubaram tudo que era possível, desde motor, rodas, bancos, rádio, peças e o
que não podia ser levado foi destruído.
O outro veículo foi
abandonado em um bairro classe A na cidade de Palo Alto na Califórnia.
Alí, o carro
permaneceu intacto por várias semanas, sem sequer um arranhão. Porém, a
pesquisa continuou e o passo seguinte, foi quebrar-lhe uma das janelas. A
partir desse momento, no bairro rico, o comportamento foi o mesmo do bairro
pobre de Nova York, carro depenado, vandalizado, depredado até virar sucata.
Como explicar essa mudança de comportamento?
Quando
se permite que algo pareça abandonado, o comportamento das pessoas é esse, de
depredar destruir, menosprezar, desvalorizar, desrespeitar.
Já
notou como em uma casa com uma vidraça quebrada sem conserto, logo, logo as
outras também são destruídas a pedradas? Vândalos logo sentem-se à vontade em
ocupar um edifício abandonado, transformá-lo em cortiço, destruí-lo,
incendiá-lo.
Baseado
nessa pesquisa o Prefeito de Nova York, Rudolph
Juliani, atacou o problema dos crimes comuns no metrô, parques, praças com
a famosa investida “Tolerância Zero”, onde qualquer contravenção, por menor que
fosse, uma pichação, um simples furar uma fila era punido exemplarmente. O
resultado surpreendente, foi o a queda drástica da criminalidade em Nova York,
a um índice dos mais baixos do mundo.
Em certa oportunidade
um indivíduo comum foi preso por um simples pular a borboleta do metrô. Levado
à delegacia para as diligências de praxe, descobriu-se tratar-se de um dos
criminosos mais perigosos e procurados pela polícia, “O assassino de Central
Park”, que estuprava, assaltava, matava suas vítimas e vinha à muito tempo
ludibriando a polícia. Se a contravenção da borboleta do metrô fosse esquecida,
ele estaria ainda a estrangular suas vítimas, impunemente.
Mentalize a imagem de uma janela com vidraças partidas e
tente traçar um paralelo entre certos fatos com os quais estamos convivendo.
Brasil, insegurança,
criminalidade e impunidade.
Justiça, tolerância,
proteção, demora, improbidade.
Poder público,
falcatruas, escândalos, crimes.
Educação, escolas
feias e carentes, professores mal pagos.
Cidade feia,
abandonada, buracos, sujeira, matagal, calçadas caóticas.
Saúde, postos
públicos, hospitais falidos, funcionários despreparados.
Nossa própria casa,
pintura, limpeza, cuidados, apresentação.
Só pra começar uma série
de artigos sobre a situação de nossa cidade.
Para saber mais:
Broken Windows – George Kelling e Ctherine Cobs.
Um comentário:
As Janelas Partidas em nossa cidade são evidenciadas nos prédios públicos do governo estadual,como por exemplo, na rua Santo Antônio(onde morou Donga Matos) e a casa onde funciona o SINE perto do museu.Bom
seria se o Secretário Regional tomasse as devidas providências.
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