domingo, 25 de maio de 2014

A MORTE ESTUPIDA DE ZARIGUINHO

Marcelo Faria não resiste a emoção

texto por márcio josé rodrigues
fotos por ronaldo ambni



























Este  sábado frio e ensolarado deixou toda uma cidade consternada, estarrecida, triste e decepcionada nesta bela Laguna.
A morte criminosa e irreparável do boto ZARIGUINHO, é mais uma triste prova da estupidez inexplicável que acomete determinados seres humanos, de comportamento antinatural e, infelizmente, fora de controle do poder das autoridades.
A fotografia de Ronaldo Amboni, que mostra a cena pungente da dor sentida por Marcelo Faria, com a mão postada sobreo corpo do amigo,  fala por si só.
Mas, aos que não conhecem, explico:

Pescador em frente ao boto




















Os delfins ou golfinhos, aqui chamados botos, os da Lagoa Santo Antônio, são animais sagrados, especiais. Relíquias, preciosidades. Tanto assim que são amados tanto quanto gente, mas de uma maneira especial.
Eles são enormes, lindos, poderosos e frágeis, inteligentes, porém dóceis e quase “humanos”, se quisermos depreciá-los um pouco. Têm todos, nomes próprios e fazem algo exclusivo e só aqui em Laguna, o que os torna diferentes no mundo todo.
Eles comportam-se como gente, misto de cães de caça, que cercam as tainhas e as trazem aos pés do pescador de tarrafa, fazendo com que essa arte de pesca torne-se eficiente.

Zariguinho era um boto competente e atuava na boca do rio, extremamente amado pelos pescadores que recebiam a cooperação dele.
Sem o boto, Laguna deixa de ser mágica, perde a inocência e mutila sua própria alma.
Os botos são protegidos por lei. (521/97)

Joga a tarrafa agora, Mané



















Mas, inexplicavelmente, existem pescadores inconscientes do que eles representam, que insistem em atravessar redes na foz do rio Tubarão e até no canal da barra do rio e isso é fatal para o boto que se enrede e morra por afogamento, uma vez que são mamíferos e necessitam subir à  tona para respirar.
O armadilha das redes proibidas que  os vem matando em série a cada ano que passa, segue impune  e debocha das autoridades.
A ineficiência dos órgãos legais que poderiam conter esse absurdo, ainda vai extingui-los, numa inconsciência funcional que não conseguimos entender. 
Bastaria, que a polícia ambiental, com suas poderosas e equipadas lanchas fizesse periodicamente o arrasto de um simples anzol ou garateia ao longo de certo trecho do rio, para que caçasse todas as redes.

Ontem mesmo, uma autoridade municipal publicou nas redes sociais as fotografias de uma dessas lanchas e um agradecimento pelo transporte de Laguna a Tubarão para um encontro de tradicionalistas gaúchos naquela cidade,
Nada contra, mas só para provar que as lanchas têm capacidade para executar o serviço.
As vozes que clamam dizem que falta VONTADE!!!


6 comentários:

Rech disse...

Infelicidade...

Clarice Villac disse...

Publicado em:
http://sosriosdobrasil.blogspot.com.br/2014/05/a-morte-estupida-de-zariguinho-marcio.html

Anônimo disse...

Nesta cadeia alimentar o bicho homem é animal voraz. Destrói, joga as redes e mazelas sem planejar e cuidar, sem se importar maltratar e matar. Civilização...com posturas, hábitos e ações de bárbaros, hodiernos cidadãos.
Veronica S Silva

Unknown disse...

A prática do lanço de redes proibidas, devem ser punidas com rigor...

Rogério

Unknown disse...

Quanta estupidez!!! O sacrifício de um ser tão especial pela ,digamos,irresponsabilidade de uns bárbaros...Como se pode pensar que o homem(se tivesse letra menor usaria nessa palavra), tem a pretensão de "ter sido feito à imagem e semelhança de DEUS"???

Anônimo disse...

Nasci aí e por muito tempo convivi com eles... Saía cedo com meu tio Xiru (já falecido) e íamos diretamente à Ponta da Barra para "buscarmos" as primeiras tainhas do dia, às vezes da noite. Com a ajuda dessas dóceis criaturas, conseguíamos o almoço e muita vezes a janta para as noites de inverno. O triste fato faz-me retornar à infância, onde eu, na mentalidade de meus nove anos, jamais imaginaria ver uma cenas dessas....(...) triste realidade....
Maria de Fatima Martins (Amo a terra onde nasci)