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Marcelo Faria não resiste a emoção
texto por márcio josé rodrigues
fotos por ronaldo ambni |
Este sábado frio e ensolarado deixou toda uma
cidade consternada, estarrecida, triste e decepcionada nesta bela Laguna.
A morte
criminosa e irreparável do boto ZARIGUINHO, é mais uma triste prova da
estupidez inexplicável que acomete determinados seres humanos, de comportamento
antinatural e, infelizmente, fora de controle do poder das autoridades.
A fotografia
de Ronaldo Amboni, que mostra a cena pungente da dor sentida por Marcelo Faria,
com a mão postada sobreo corpo do amigo,
fala por si só.
Mas, aos que
não conhecem, explico:
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Pescador em frente ao boto |
Os delfins
ou golfinhos, aqui chamados botos, os da Lagoa Santo Antônio, são animais
sagrados, especiais. Relíquias, preciosidades. Tanto assim que são amados tanto
quanto gente, mas de uma maneira especial.
Eles são
enormes, lindos, poderosos e frágeis, inteligentes, porém dóceis e quase
“humanos”, se quisermos depreciá-los um pouco. Têm todos, nomes próprios e
fazem algo exclusivo e só aqui em Laguna, o que os torna diferentes no mundo
todo.
Eles
comportam-se como gente, misto de cães de caça, que cercam as tainhas e as
trazem aos pés do pescador de tarrafa, fazendo com que essa arte de pesca torne-se
eficiente.
Zariguinho
era um boto competente e atuava na boca do rio, extremamente amado pelos
pescadores que recebiam a cooperação dele.
Sem o boto,
Laguna deixa de ser mágica, perde a inocência e mutila sua própria alma.
Os botos são
protegidos por lei. (521/97)
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Joga a tarrafa agora, Mané |
Mas,
inexplicavelmente, existem pescadores inconscientes do que eles representam,
que insistem em atravessar redes na foz do rio Tubarão e até no canal da barra
do rio e isso é fatal para o boto que se enrede e morra por afogamento, uma vez
que são mamíferos e necessitam subir à tona para respirar.
O armadilha
das redes proibidas que os vem matando
em série a cada ano que passa, segue impune
e debocha das autoridades.
A
ineficiência dos órgãos legais que poderiam conter esse absurdo, ainda vai extingui-los,
numa inconsciência funcional que não conseguimos entender.
Bastaria,
que a polícia ambiental, com suas poderosas e equipadas lanchas fizesse
periodicamente o arrasto de um simples anzol ou garateia ao longo de certo
trecho do rio, para que caçasse todas as redes.
Ontem mesmo,
uma autoridade municipal publicou nas redes sociais as fotografias de uma
dessas lanchas e um agradecimento pelo transporte de Laguna a Tubarão para um
encontro de tradicionalistas gaúchos naquela cidade,
Nada contra,
mas só para provar que as lanchas têm capacidade para executar o serviço.
As vozes que
clamam dizem que falta VONTADE!!!