MARCIO JOSE RODRIGUES FILHO - Colação de Gau UFSC (20/02/2014) |
Nosso caçula
é bacharel em direito.
Parece que nem faz tanto tempo que ele corria pela casa dando trombadas nos móveis e objetos
ou quebrando sem dó o bracinho do meu precioso toca-discos Thechnics.
As primeiras
ausências do lar, o jardim de infância, as aulas do primário no Jerônimo Coelho
e a formatura do primeiro grau no Colégio Stella Maris.
Depois, as
naturais rusgas como um adolescente bem alimentado e irrequieto, imaginativo e
sonhador, quase sempre alegre e risonho, mas turrão quando se achava tolhido de
algo que queria.
Aí aparecia
o "aborrecente" insistente e teimoso, nada que quaisquer pai e mãe já não tenham
vivido.
Então já
eram quinze anos, a primeira namorada, as saídas preocupantes para as festas,
nossas madrugadas insones, a primeira bebedeira e o sermão, como se a gente
nunca tivesse passado por isso.
Enfim, o
afastamento maior para morar sozinho em outra cidade, as preocupações da
distância, os problemas do existir quotidianamente, o medo das drogas, um
caminhar sempre atribulado de pais que, mesmo fazendo a experiência quatro
vezes, com os quatro filhos, sofreriam as mesmas angústias, mesmo que fossem
vinte.
Enfim, nessa
quinta-feira que passou, vivenciamos de novo como se fosse a primeira vez, a
emoção da colação de grau na universidade, uma felicidade que não tem medida,
nem tamanho de gratidão para com Deus. Um privilégio, infelizmente, para poucos
brasileiros, reconhecemos e, por isso, valorizamos ainda mais. Nesse momento,
pensamos em nossos anjos aliados, os professores que o forneceram o
conhecimento que nós não saberíamos dar. Os amigos que o apoiaram em horas
difíceis, a família sempre unida e presente, os irmãos e aquele que sempre
estava mais perto, o mano mais velho.
Nosso
bacharel recebeu nota máxima em seu “Trabalho de Conclusão de Curso”, passou na
prova de primeira fase da OAB e agora de novo, esperamos o resultado da segunda
fase, com muita esperança.
- Filho, sabemos que tens a graça de uma inteligência aguda e
inquiridora, que te preocupas com a justiça e o equilíbrio da justiça entre as
pessoas.
Lembro agora de algo que li sobre os tribunais da antiga
Atenas. Quando um acusado não tinha provas em seu favor, podia ser salvo por um
“Paraclito”, cidadão honesto e de comportamento ilibado, que simplesmente se
postava ao lado do réu, em silêncio, diante do tribunal. Bastava este apoio sem
nenhuma palavra, para que o cidadão fosse absolvido.
O Paráclito,
“aquele que fica ao lado” é a imagem adotada pelo cristianismo, para o Divino
Espírito Santo, o supremo advogado diante do tribunal de Deus.
Esse é o
colega que te acompanhará durante toda tua carreira, eu assim peço a Deus e, a
ti, que O acolhas.
Gostaríamos
(e agora falo também pela Mãe Graça) que
pautasses tua vida profissional pela verdade, a justiça, a liberdade e principalmente
pelo amor, sendo também aquele que se posta ao lado dos inocentes.
Feliz
jornada.