terça-feira, 15 de novembro de 2011

15 DE NOVEMBRO


Sede construídaem 1945 nos dias atuais


Anos 60 - aspecto do cooquetel oferecido às debutantes. Márcio José Rodrigues, Adib A. Massih e três jiovens da sociedade blondinista . (foto Bacha)


texto, postagem e fotos em cores por Márcio José Rodrigues 

Hoje, 15 de novembro, data da proclamação da República no Brasil, confesso saudades de Dom Pedro II e a Laguna dos últimos anos do Império.

Nesse dia, em 1887, dois anos antes do fim do Império Brasileiro, jovens atletas lagunenses, apaixonados pelos feitos extraordinários do “ Incrível Blondin” fundaram um clube de ginástica.
Francês de nascimento, Jean François Gravelet, provavelmente o maior equilibrista e acrobata de todos os tempos, foi autor de tais façanhas nessas artes, que se tornou personagem de fama mundial, sob o nome artístico de Blondin.
Sobre uma corda bamba, atravessou o desfiladeiro das Cataratas do Niagara, um vão de 350 metros de extensão, a uma altura de 50 metros. E e o fez várias vezes (de olhos vendados, com um carrinho de mão, com um homem às costas e uma vez, equilibrando-se sentado em uma cadeira, que se apoiava na corda, com apenas um pé) mesmo com ventos que interferiam na façanha, balançando-a perigosamente.


O clube de ginástica logo passou a promover saraus e transformou-se no clube social mais importante de Santa Cartarina, congregando o mais representativo da sociedade abastada e culta. 
Em meados do século XX (1945) construiu a sede que até hoje permanece, obra do Presidente Paulo Carneiro, à frente de uma diretoria dinâmica e empreendedora.

O CLUBE BLONDIN foi durante um século inteiro o lugar de encontro da sociedade Lagunense, cenário dos mais brilhantes bailes, apresentações de orquestras internacionais. Memoráveis os bailes de carnaval, onde reinavam os blocos de salão com sua luxuosas fantasias, os “Bola Preta e Bola Branca”, dos grandes saraus, dos encontros das famílias de destaque, dos esplendorosos bailes de debutantes e do tradicional “Baile do Champagne”, onde pontificava o “Conjunto Melódico Ravena”.
Foi um tempo, em que, mesmo a sociedade mais requintada das cidades vizinhas, necessitava de apresentações especiais de um sócio do clube, para conseguir ingresso em seus salões.
Hoje, ao completar 124 anos, passei para visitá-lo e o encontrei com correntes na porta principal.
O BLONDIN é um ainda lindo casarão na praça central, com uma certa dignidade em seu porte arquitetônico em destaque, mesmo  demonstrando velhice e sinais de ruína.
Mas, aquela sociedade que o fazia importante ausentou-se ou morreu e hoje resta a franca decadência e nenhum sinal de recuperação.
Como presidente que fui, por vários mandatos nos anos sessenta, sinto uma imensa saudade do que era e um desejo de reerguê-lo para entregá-lo ao povo de Laguna como patrimônio da cidade.



Sede do Clube Blondin até 1945

Novembro 2011 - Ingressos à venda a quem puder pagar


4 comentários:

Sandra Helena Queiróz Silva disse...

Querido Márcio,

Belo texto,fotos e os figurantes de outrora faziam de uma época um local apropriado para grandes festa, bailes e outras comemorações. Lembro, dos bailes de carnaval, desfiles entre outros eventos. Os campeonatos de futebol de salão na quadra do clube, era um agito geral. Torcidas, paqueras da época enfim lugares que frequentávamos em comum com amigos, familiares e pessoas que deixaram saudades.Infelizmente, cada texto que leio sobre pontos referenciais em Laguna, ou está em ruínas, ou abandono total. Até quando, não me atrevo perguntar...

Beijos de Luz!

Afonso disse...

Amigo,
Bem disse a Sandra em seu comentário, em Laguna os pontos referencias estão em ruínas ou abandonados; Quando fui presidente deste querido clube, incentivado pelo nosso amigo,já falecido, Orlando o clube já estava abandonado, na véspera do carnaval tinha uma faixa na frente do clube que dizia: “Turista venha dançar o carnaval conosco” era só pagar e entrar. Mas a decadência dos clubes em geral é oriunda da atual conjuntura, a juventude hoje prefere pagar, para ficar em pé, desconfortavelmente ao relento em campos abertos prestigiando duplas sertanejas, com qualquer tempo quer chova ou faça frio. Os clubes hoje são coisas de velhos.

Anônimo disse...

Caríssimo e fraterno amigo Márcio

Viajei na tua crônica.Juro que vislumbrei e ouvi a Orquesta Cassino de Sevilha em pleno Baile de Primavera no vosso aristocrático Blondin. Era ontem! 1955 ou 56. Eu garboso aluno do famoso Ginásio Lagunene,acho que fui apresentado ao Club pelo Seu Silvio Castro - cantavamos no Coral de Santo Antônio. Que festa! Oh que saudades... da minha juventude na amada Laguna, do Blondin, das meninas do ginásio - lindas, lindas, lindas! Ficou a lembrança, adormecida, mas viva, de uma época. Outros tempos, outra cultura, outras cabeças, outra educação, respeito, classe e claro um pouquinho de séria e comedida malícia, muito própria daquela fase nossa e da época distante. Era, talvez, a "premier" dos anos dourados.
Obrigado, amigo, por vasculhar tudo isso, lá no baú de minhas imorredouras memórias.
Com muito carinho um abraço-irmão do João Jerônimo.

J.Machado disse...

Deus! Já tinha camarão recheado!
Que coisa boa...